São tempos de incerteza, de uma conjuntura adversa e atípica, mas são tempos como esses que um partido forjado nas lutas do povo como o PCdoB tem que agir. A greve dos caminhoneiros, somadas agora com a greve dos petroleiros, incendeiam o país e deixa a sociedade como um todo, e parte da esquerda, sem saber o que fazer.

Por Humberto de Jesus*

Está ficando cada vez mais evidente que a pauta dos caminhoneiros, por mais justa que seja e por mais solidariedade que temos a esta greve, contemplou muito mais os empresários do que os próprios trabalhadores, (vide as suspeitas cada vez mais evidentes de locaute), com uma pauta que priorizou a redução de impostos e tributos.

Mas, o que nós temos a ver com isso? Um fator importante que a greve dos caminhoneiros nos trouxe, foi desnudar a situação da Petrobras pós-golpe. E seus efeitos nefastos para o conjunto da população brasileira estão cada vez mais nítidos.

O ministro da Fazenda do governo golpista, Eduardo Guardia, já afirmou em audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que não está em discussão no governo a possibilidade de diminuir os valores dos combustíveis e do gás de cozinha. E, ainda, que a estimativa do governo federal é que, com o subsídio que será dado ao valor do óleo diesel, que em tese chegará às bombas com um desconto de R$0,46, custará aos cofres públicos algo em torno de R$ 9, 5 BILHÕES. E esse dinheiro virá de cortes no orçamento que já tem alvo: a Assistência Social, a Educação, a Segurança Pública, os Direitos Humanos, a Saúde, enfim, todas as áreas sociais.

O que está ocorrendo na prática é o total desmonte da principal empresa pública e estratégica brasileira, a Petrobras, em detrimento dos acionistas desta, e do conjunto do capital especulativo internacional. Afinal, a quem interessa o valor do combustível ser atrelado ao preço internacional do petróleo e à variação do dólar, causando constantes, insanos e impraticáveis aumentos.

E ainda, a que custo exportamos petróleo cru e importamos o derivado, sendo que as refinarias brasileiras tem capacidade plena para refinar petróleo e fazer com que de fato sejamos autossuficientes em produção e distribuição de petróleo.Vendemos hoje o petróleo cru para fora e o compramos de novo refinado, pagamos duas vezes, e ainda, o governo federal baixou vertiginosamente a capacidade de refino do petróleo nas refinarias, aumentando ainda mais o desemprego e entregando a olhos vistos um dos principais patrimônios brasileiros, nosso petróleo.

Agora as consequências desta política ultraneoliberal do governo golpista de Temer, o pequeno, começa a atingir mais uma vez a nossa gente mais pobre. Já há pesquisas que demonstram, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que cerca de 17% das famílias brasileiras já não conseguem mais usar ou comprar o gás de cozinha, usando outros meios para cozinhar como o álcool de cozinha, o etanol, lenha, carvão, etc..

Isto nada mais é do que outro estrangulamento da nossa gente mais pobre, que ganha um salário mínimo e tem que optar entre comprar o gás de cozinha a valores exorbitantes ou comprar comida para casa. É para essa nossa gente que temos que falar, desnudando de forma didática todas as mazelas econômicas e sociais, consequências do golpe e do projeto ultraneoliberal do governo golpista.

É tempo de continuarmos defendendo a democracia, eleições livres, a diminuição dos preços dos combustíveis, em especial do gás de cozinha, a Petrobras livre, soberana e nacional, o Fora Temer e a demissão imediata de Pedro Parente, que como bem disse nossa presidenta nacional do PCdoB Luciana Santos, ¨é combustível para o caos¨. E defendermos, acima de tudo e principalmente, a dignidade da nossa gente que mais precisa.

É tempo de lutar, resistir e conquistar um Brasil livre, soberano, que garanta dignidade para a nossa gente que mais precisa. É tempo de um Brasil feliz!

*Humberto de Jesus é militante do PCdoB/Olinda