“União Europeia começa a perceber que perde mais que todos ao aderir a sanções dos EUA”, diz Hongjian

A Europa está passando por uma crescente escassez de recursos energéticos, e o custo do petróleo e do gás está aumentando acentuadamente por conta de se submeter à política de sancionar a Rússia imposta pelos Estados Unidos, declarou Cui Hongjian, diretor do Instituto Europeu da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim à agência Xinhua.

O futuro dos aliados não interessa muito a Washington, o que a União Europeia já começou a entender, constatou Hongjian, assinalando que, devido ao aumento dos preços, a indústria de energia exigiu extensos gastos orçamentais que desestabilizaram outras áreas de financiamento, o que faz crescer a insegurança nos europeus.

Com a intensificação do conflito na Ucrânia, Washington está tentando “dar um ritmo à Europa”, frisou o diretor. Uma das manifestações desta política é o incentivo a que os países europeus adotem inúmeros pacotes de sanções contra a Rússia.

“À medida que as restrições continuam ficando mais severas, o dano aos EUA, que dependem pouco da energia e comércio de Moscou, não é muito grande, mas para os países europeus a situação é completamente diferente, já que eles têm há muito tempo relações estreitas com a Rússia na esfera da indústria e energia”, explicou o acadêmico.

Os EUA não se preocupam com as perdas dos seus aliados, insistiu Hongjian. “Após a quinta rodada de sanções impostas pela União Europeia, ficou claro que elas não são apenas ineficazes, mas contraproducentes”, afirmou.

Europa começa a sair da cegueira

“Agora a UE está finalmente entendendo que a Europa vai perder mais do que todo mundo por seguir cegamente os EUA e o contínuo aumento do bloqueio à Rússia”, observou o especialista.

Executivos de várias empresas de uso intensivo de energia da França que se reuniram em uma conferência de negócios no sul da França neste fim de semana, disseram estar se preparando para possíveis apagões no fornecimento de energia.

E a Alemanha foi forçada a cogitar o racionamento da energia fornecida à iluminação pública e está disposta a sacrificar a política verde e aumentar as emissões de carbono ao meio ambiente.

Por fim, o diretor do instituto chinês disse que se os EUA continuarem a intensificar a pressão sobre a Rússia, as contradições dentro do “chamado sistema aliado” entre eles e a Europa vão se aprofundar.

Em junho, a Rússia foi forçada a reduzir drasticamente o fornecimento de gás da Gazprom pelo gasoduto Nord Stream 1, principal rota de fornecimento do gás russo à Europa. Isso porque duas estações de compressão foram fechadas para reparos em suas turbinas de bombeamento de gás.

Essas turbinas precisam passar por revisões regulares, feitas pela empresa alemã Siemens. Uma das turbinas passou por revisão no Canadá, mas, por conta das sanções aplicadas à Rússia, ficou retida no país. Por isso, o gasoduto passou a funcionar com apenas 40% de sua capacidade. O governo do Canadá informou no domingo (10) que finalmente decidiu entregar à Alemanha a turbina necessária para transportar gás da Rússia.