Xiomara Castro comemora vitória junto com os hondurenhos

O povo hondurenho está nas ruas desde que foram abertas as urnas na noite domingo (28) garantindo uma ampla vantagem para a líder oposicionista Xiomara Castro, do Partido Liberdade e Refundação (Libre), que se converte na primeira presidente mulher do país centro americano de dez milhões de habitantes. A data está sendo comparada à de 25 de janeiro de 1955, quando as mulheres conquistaram seu direito a voto.

Esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe militar em 2009, Xiomara se converteu numa referência aglutinadora das forças nacionais e progressistas, defensora de um novo modelo político, econômico e social.

Com mais da metade dos votos apurados, a líder alcançava 53,6% dos votos, abrindo quase 20 pontos de vantagem sobre o candidato ao Partido Nacional, Nasry Asfura, e atual prefeito da capital, Tegucigalpa, que contabilizava 33,8%, conforme contagem preliminar na segunda-feira (29). Está bem presente na memória da população que Asfura foi acusado de desviar US$ 700 mil em dinheiro público no ano passado e que está envolvido no escândalo Pandora Papers.

A disputa para o Congresso de Honduras, de 128 membros, também permanecia em aberto, sem a divulgação de resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que alegou que tem um mês para confirmar os números finais do pleito.

Mantendo o enorme favoritismo, as celebrações pipocaram por todo o país, ao mesmo tempo em que as sedes do Partido Nacional, do atual presidente Juan Orlando Hernández (JOH), denunciado por seus vínculos com o narcotráfico, se mantinham completamente desertas.

“Hoje demos as costas ao autoritarismo”, declarou Xiomara, comprometida a pôr fim a doze anos de corrupção e violência. Em sua campanha, propôs a construção de um socialismo democrático como “solução” para os problemas do país, causados pelo “neoliberalismo” e por um “narcoditador“.

Aclamada por simpatizantes, Xiomara ressaltou que irá fortalecer a democracia direta realizando referendos sobre políticas-chave. Um plebiscito anunciado por Zelaya sobre uma reforma constitucional foi um elemento chave para o golpe contra ele. “Vamos formar um governo de reconciliação, um governo de paz e justiça”, sublinhou.

“O setor privado está empenhado em fazer tudo que for necessário para que sua administração seja um exemplo de transformação”, declarou Eduardo Facusse, líder da câmara de comércio do país, reconhecendo a estrondosa vitória.

Terceiro mais votado, o candidato pelo Partido Liberal, Yani Rosenthal saudou a vitória de Xiomara, cumprimentou Manuel Zelaya e agradeceu o povo hondurenho por ter ido às urnas “sem medo e com decisão”.

O agravamento da crise econômica no país que é o segundo mais pobre das Américas – apenas superado pelo Haiti – alimenta a violência de gangues e grupos paramilitares, o que tem se traduzido em número recorde de migrantes.