Um raio fez tombar a castanheira, antes da hora.
Quanto aquela árvore adulta já
Alimentara o mundo!
E quanto ainda poderia nos dar
Em sombra, em alimento e alento…
Morreu em plena colheita,
Investido de autoridade, usou-a
Em prol dos brasileiros
A quem a injustiça nega os direitos da brasilidade!
Por sua iniciativa,
Os ribeirinhos– homens das águas e da floresta–
Conquistaram um documento com o brasão da República,
Que atesta, que lhes assegura o uso
Do pedaço de chão, da extensão de água
Que por suor e sangue lhes pertence!

Quando a liberdade caiu prisioneira, era um estudante
Que batalhava para que todos tivessem escolas!
E para ele não havia tarefa mais importante do que libertá-la.
Pela democracia ao risco da vida enfrentou a ditadura.
Conquistada a Anistia, este paraense nascido
No ventre do Pará, em Marabá,
Deu adeus às terras que o acolheram
E voltou às suas raízes.
Tinha a missão de reorganizar com seus camaradas,
O Partido Comunista do Brasil
E com ele sulcar as ricas e férteis terras paraenses,
E nelas lançar as generosas sementes do socialismo.
Com os sem teto da grande Belém, lutou pelo direito à moradia,
Com os sem terra do Araguaia, lutou pela reforma agrária.
Foi deputado, foi candidato a senador,
Mas, o que sempre foi mesmo, foi um lutador.

Um raio fez tombar a castanheira, antes da hora.
Mas, presente em nossa memória,
Ela seguirá alimentando nossos sonhos e impulsionando a história.

São Paulo, 21 de fevereiro de 2010.

*Poeta e secretário nacional de Comunicação do PCdoB