Homenagem a Marielle em Paris será inaugurada em 21 de setembro
Quase um ano e meio após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro (RJ), um jardim suspenso ganhará seu nome em Paris, na França. Está prevista para 21 de setembro a inauguração do primeiro espaço permanente com o nome da defensora dos direitos humanos. A Red-Br (Rede Europeia pela Democracia do Brasil), associação que liderou o projeto de construção do espaço, criou campanha de financiamento coletivo para garantir que a família de Marielle esteja no evento.
Silvia Capanema Schmidt, presidente da associação – que está sediada na França –, reforça a importância da presença dos familiares em Paris “pelo respeito à pessoa de Marielle, ao que ela representa. Um respeito que é também a de onde ela vem e ao que ela construiu: a filha, a relação com a irmã, o exemplo da mãe. Esse respeito à família e homenagem é também um respeito aos seres humanos que somos, e ao povo brasileiro. As dificuldades são reais para pagar uma viagem a Paris”.
O grupo é formado por pesquisadores, artistas, agentes culturais e cidadãos que vivem na Europa e propõem ações para preservar, construir e ampliar a democracia no Brasil. Segundo o coletivo, “a família não tem recursos para arcar com a viagem a Paris e presenciar a inauguração do jardim. Acreditamos, entretanto, que seria indispensável a presença de membros da família nesse momento, um acontecimento também importante para a memória de Marielle e de tudo que ela representa”.
Na sexta-feira (19), foi lançada a iniciativa do financiamento. “Com a contribuição coletiva de todas e todos poderemos alcançar nosso objetivo. Os fundos coletados nesta campanha participativa serão usados para pagar os voos e a acomodação dos membros da família de Marielle na França. O orçamento estimado é de aproximadamente 5.000 euros”, explica o texto.
O projeto do jardim suspenso foi aprovado pela prefeitura de Paris em abril deste ano. À época, a prefeita Anne Hidalgo anunciou a criação do espaço em sua rede social, após a votação do conselho. “Foi votado! Os representantes parisienses aprovaram nesta manhã a proposta que apresentei a eles com minha equipe: um lugar em Paris levará o nome de Marielle Franco, ativista de direitos humanos, eleita do Rio de Janeiro, assassinada em março de 2018”, tuitou a gestora.
O local escolhido foi o 10º distrito da cidade, sobre as plataformas da Gare de L’Est, uma das principais estações de trem da capital francesa. A associação Red-Br liderou o pleito da homenagem com o apoio de coletivos como Autres Brésils, France Amérique Latine, Amnesty International France, Coletiva Marielles, Ligue des Droits de l’Homme, Inter LGBT e Amis des Sans Terre. O grupo fez “o pedido para que um local público da cidade recebesse o nome de Marielle Franco, correspondendo à expectativa lançada pelas homenagens internacionais expressas nas placas ‘Rua Marielle Franco’”.
A vereadora foi assassinada junto a seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. A investigação está sob sigilo e as principais linhas de apuração apontam para a participação de milícias ou, ainda, para um crime político. Até o momento, dois suspeitos de envolvimento no crime foram detidos, mas os motivos dos assassinatos não foram esclarecidos e não se descarta a possibilidade de haver mandantes.
Mulher negra, nascida na Favela da Maré, lésbica e defensora dos direitos humanos, Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio em 2016. Ela denunciava abusos da Polícia Militar, atendia a vítimas da milícia e dava apoio a policiais vitimados pela violência no Rio e às suas famílias.
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Com informações do HuffPost Brasil