Reconstituição do crime foi realizada na terça-feira (2).

Somente dois, dos 11 policiais militares envolvidos diretamente na cena da morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, participaram da reconstituição do crime, na noite de terça-feira (1º), no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Segundo o diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), delegado Antônio Ricardo, os demais envolvidos no caso se negaram a participar da simulação por orientação de suas defesas.
Um dia depois da reconstituição, segundo afirmou Portal G1, do grupo Globo, a Polícia Civil confirmou que a “hipótese mais provável” é que o tiro que atingiu a menina Ágatha pelas costas foi efetuado por policiais militares.
A polícia investiga ainda se o projétil acertou em um poste e um dos fragmentos passou pelo banco de trás de uma Kombi. Um laudo já liberado pela polícia evidenciou que o fragmento, retirado do corpo de Ágatha ainda no hospital, é compatível com o tipo fuzil. Na semana passada não foi possível, no entanto, determinar o “calibre nominal da arma”, pelo fragmento ser muito pequeno.
VERSÕES DIVERGENTES
Os dois policiais que participaram da reconstituição contaram uma história diferente aos investigadores, da qual foi divulgada inicialmente pela própria PM.
A corporação havia declarado oficialmente que a guarnição foi atacada por criminosos de diversos locais do Complexo do Alemão, localizado na zona norte do Rio. “Por volta das 22h desta sexta-feira (20), equipes policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Fazendinha, que estavam baseadas na esquina da Rua Antônio Austragésilo com a Rua Nossa Senhora, foram atacadas de diversas localidades da comunidade de forma simultânea. Os policiais revidaram à agressão”, dizia a nota divulgada no sábado, dia 21 de setembro.
No mesmo dia, o porta-voz da PM, Mauro Fliess afirmou à TV Globo que “somente uma investigação transparente” poderia mostrar as circunstâncias em que o fato ocorreu. “A Polícia Militar reforça a versão apresentada pelos policiais militares, de que foram atacados de forma simultânea por marginais daquela localidade.”
Três dias depois do assassinato, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse que apesar de “lamentar” a morte de Ágatha, a polícia está indo “no caminho certo”.
Porém, os dois policiais que estavam no local e participaram da reconstituição afirmaram que apenas um homem que estava na garupa de uma moto passou atirando. Eles ainda são tratados como testemunhas pela Delegacia de Homicídios da capital fluminense.
“Segundo os policiais, o garupa dessa moto passou atirando na guarnição que estava aqui no momento da ocorrência, e os policiais teriam feito o disparo para revidar esse ataque”, disse o diretor do Departamento de Homicídios, Antônio Ricardo Nunes, durante a reconstituição da ocorrência que aconteceu na noite desta terça-feira (1).
A criança foi baleada no dia 20, quando voltava para casa com a mãe em uma Kombi. Ela foi levada para o Hospital Getúlio Vargas e morreu no dia seguinte. O tiro entrou pelas costas e causou ferimentos no fígado, no rim direito e em vasos do abdômen.
Testemunhas dizem que não havia tiroteio naquele momento. A polícia, por sua vez, afirma que agentes dispararam porque foram atacados por suspeitos. PMs ouvidos na Delegacia de Homicídios afirmaram que pelo menos dois tiros foram disparados.
O laudo pericial deve sair em até 30 dias, segundo o delegado Antônio Ricardo Nunes, diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa. “Esperamos chegar à conclusão de quem efetuou o disparo que matou a menina. A ideia é exatamente saber se houve confronto ou não”, disse.