Haddad propõe aumento do salário mínimo e descarta privatizar Sabesp
Na noite do último domingo (7), cinco candidatos ao governo do estado de São Paulo participaram do primeiro debate da disputa estadual realizado pela TV Bandeirantes na capital. Os candidatos Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Rodrigo Garcia (PSDB), Vinicius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT) foram os presentes. A mediação foi feita pelo jornalista Rodolfo Schneider.
O líder das pesquisas, ex-prefeito de São Paulo, Haddad afirmou durante o debate que pretende governar o estado priorizando os trabalhadores e as trabalhadoras, assegurando saúde e educação de qualidade e mais renda.
Haddad denunciou que tanto Jair Bolsonaro destruiu o salário mínimo, concedendo ajustes abaixo da inflação. Ele também criticou os reajustes concedidos pelo então governador João Doria (PSDB).
“Quero dizer em alto e bom som: para a economia rodar, tem que ter comida na mesa do trabalhador. Dia 1º de janeiro, o salário mínimo paulista será de, no mínimo, R$ 1.580”, disse, antecipando uma de suas primeiras medidas caso seja eleito.
O ex-prefeito também se colocou contrário à privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por saber que a venda da empresa terá o mesmo efeito que outras transações desse tipo têm gerado no Brasil, ou seja, o aumento da conta para o consumidor.
“Sou absolutamente contra a privatização da Sabesp. (Se isso ocorrer), o consumidor vai ganhar menos ainda porque vai ver a conta de água subir e subir muito. A Sabesp é uma empresa aberta e pode fazer tudo que é necessário para universalizar o serviço no estado de São Paulo”, avaliou.
Por fim, Haddad mostrou preocupação com educação e trabalho. “Com esse salário mínimo do governo federal e do governo estadual você não vai conseguir colocar comida na mesa da sua família. Sem hospitais dia no interior, apoio às Santas Casas, apoio a mais UPAs, apoio ao Samu, você não vai ter uma saúde de qualidade e a fila não vai cair”
O principal embate da discussão foi entre Haddad e o bolsonarista, ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. O candidato do Republicanos criticou o petista por sua gestão da capital paulista e pediu para que a plateia procurasse no Google quem era o “pior prefeito de São Paulo”.
Em resposta, Haddad pediu para que o público procurasse a palavra “genocida”, em referência à gestão do governo Bolsonaro da pandemia de covid-19, que deixou 679 mil mortos em todo o país.
“Entra no Google e digita ‘genocida’ para saber quem matou mais de 600 mil brasileiros”, declarou o petista.
“Lamento que na primeira pergunta (Tarcísio) venha com esse nível de agressividade. E falando em Deus. Vou dar boas-vindas a você, Tarcísio”, emendou Haddad, sobre o carioca Tarcísio, que só mudou o domicílio eleitoral para São Paulo para ser candidato.
O ex-ministro da Infraestrutura defendeu uma atuação do governo estadual na Cracolândia, com uma política de habitação e de revitalização do centro.
Ele foi criticado por Vinícius Poit pela presença do presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, e do ex-deputado Eduardo Cunha (PTB) em seu governo.
Indicado por Bolsonaro, Tarcísio defendeu o governo federal ao longo do debate e afirmou que, se eleito, irá montar um secretariado “técnico”, assim como o ministério de seu mentor.
A fala gerou piadas na internet, ligando o “ministério técnico” de Bolsonaro, a nomes como os de Weintraub, Milton Ribeiro e Damares.
Responsabilidade
No debate, Haddad criticou Rodrigo Garcia após o tucano citar suposta responsabilidade indireta do governo do estado em relação à Cracolândia. A resposta veio logo depois da primeira pergunta do debate, feito pela própria emissora, sobre o tema.
Na ocasião, o apresentador havia questionado se era responsabilidade do governador propor alguma solução.
“A Cracolândia é sim um problema do governador de São Paulo. Pode não ser de responsabilidade direta do governador, mas, como governador, todo problema de São Paulo eu entendo que é um problema do governador”, declarou Garcia.
Em seguida, disse ver como necessárias ações de assistência social e tratamento de saúde às pessoas com dependência química e atuações policiais para deter traficantes.“A Cracolândia é assunto do governador. Tudo o que acontece no estado é assunto do governador. Não é indiretamente”, afirmou Haddad. Na sequência, disse que retomará um programa que criou como prefeito de São Paulo, um programa que, segundo ele, garantia “teto, tratamento e trabalho”.
O petista retornou à questão da responsabilidade indireta em outra pergunta, sobre educação. “Hoje, São Paulo está vivendo uma situação muito difícil na educação, sobretudo no ensino médio, que é de estrita responsabilidade do governador. Não é como disse o Rodrigo, ‘indiretamente eu sou responsável’”, afirmou.