Haddad e Manuela reafirmam defesa do trabalhador em ato com centrais
O candidato à Presidência da República, Fernando Haddad (PT) e a candidata a vice, Manuela d’Ávila (PCdoB), receberam nesta quarta-feira (10), em São Paulo o apoio de sete centrais sindicais que se engajarão na campanha da chapa neste segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL). Diante de uma plateia com sindicalistas de diversas categorias, ambos reafirmaram a defesa dos direitos da classe trabalhadora e a revogação da reforma trabalhista e da Emenda 95 que congelou gastos com saúde e educação por 20 anos.
Haddad lembrou que esteve inúmeras vezes em mesa de negociação com sindicalistas enquanto foi ministro da Educação e também prefeito de São Paulo. De acordo com ele, a trajetória como homem público sempre foi o debate respeitoso com todas as categorias profissionais para valorizar o trabalhador e a trabalhadora.
Ele relembrou o retrocesso que se estabeleceu nestes dois anos após o golpe que levou Michel Temer à Presidência. Segundo Haddad, não será cortando direitos que a economia vai melhorar. “Não vai ser diminuindo salário ou cortando 13º que vai reativar a economia, ao contrário.”
Haddad apontou contradições em Bolsonaro enfatizando que o candidato do PSL aprovou todas as medidas de Temer, entre elas o congelamento de gastos públicos por 20 anos e a reforma trabalhista, e agora diz que vai melhorar o serviço público mas vai manter as medidas de Temer.
De acordo com Manuela, “é impensável um Brasil desenvolvido sem o respeito à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e à Constituição de 88”. “Os nossos compromissos passam pela revogação da Emenda Constitucional 95 porque a gente sabe que é impossível uma mulher trabalhadora viver tranquila se não souber que temos mais investimentos em creche.”
Segundo a candidata a vice, a revogação da reforma trabalhista não é apenas um instrumento de retórica. Segundo ela, é a compreensão de que essa reforma expõe mulheres trabalhadoras a atuar em ambiente insalubre e também precariza mais ainda o trabalho delas com o trabalho intermitente. Essa modalidade de contrato foi formalizada na reforma trabalhista e é considerada precária.
“Defendemos um projeto de desenvolvimento que retome investimento e garanta dignidade ao nosso povo. Estamos juntos em defesa dos direitos sociais e da democracia”, assegurou Manuela.
“O congelamento por 20 anos trouxe severos prejuízos. Na vigência da emenda não pode contratar professor, não pode contratar médico, policiais. O povo está pedindo mais saúde, mais educação e segurança”, explicou Haddad.
Ele criticou Bolsonaro que anunciou que o ministro da Fazenda será o banqueiro Paulo Guedes. “O banqueiro tem uma visão de mundo diferente da que está representada aqui pelos trabalhadores. Eu quero tornar o povo parte da solução e não do problema. A nossa solução não é uma arma numa mão e outra arma na outra mão. A nossa solução é uma carteira de trabalho em uma mão e um livro na outra.”
O candidato do PT citou o assassinato do capoeirista mestre Moa do Katendê na Bahia, vítima do ódio de um eleitor de Bolsonaro, e mais o caso de uma adolescente que, segundo jornais do sul, foi agredida e teve uma suástica desenhada no corpo a canivete. O motivo teria sido porque a jovem usava uma camiseta com a frase #elenão, campanha das mulheres contra Bolsonaro.
“Tem que interromper essa escalada. Fundamentos de uma sociedade civilizada, os direitos civis e políticos têm 200 anos de história, os direitos trabalhistas são quase cem anos e os direitos sociais recém-conquistamos com a Constituição de 88. É como se a história estivesse dando marcha a ré com a ameaça que essa outra candidatura representa”, avaliou.
Ao final de seu discurso, Haddad se mostrou confiante com os rumos da campanha e em uma vitória no segundo turno. “Tenho um compromisso com o Brasil, com um Brasil que não foge à luta, que se impõe pelo voto, pela voz e que não vai deixar esse enorme retrocesso acontecer neste pais. Tenho segurança em dizer que o Brasil vai renascer no dia 28.”