Casa Branca despeja tropas no leste europeu

Depois de quatro meses trombeteando a “ameaça russa iminente” sobre a Ucrânia, nas últimas semanas o regime Biden escalou seu alarmismo – ou, dito de forma mais crua, histeria -, para ‘alertas’ de invasão “em 48 horas”, o mais desparafusado deles o do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, que instou os norte-americanos no país a se safarem já “por todos os meios possíveis”.

E, numa entrevista na tevê, sobre o mesmo assunto, o presidente Biden disse que se houvesse americanos e russos “trocando tiros” seria uma “guerra mundial”.

Em paralelo, passou a circular, insistentemente, a “data” de 16 de fevereiro para a invasão – – já adotada pelo próprio presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em discurso na tevê nesta segunda-feira (14), depois de passar dois ou três dias reclamando que o pânico gerado ameaçava “desestabilizar o país”.

Em Moscou, o presidente russo Vladimir Putin se reuniu na segunda-feira (14) com os ministros Sergei Lavrov, das Relações Exteriores, e Sergei Shoigu, da Defesa, encontro em que foi considerada pronta a contra-resposta russa de dez páginas às respostas dos EUA e da Otan referentes ao documento russo de dezembro. A liderança russa deu sinal verde para a continuação do esforço diplomático para a restauração da segurança coletiva na Europa e fim da expansão da Otan.

A reunião registrou que a resposta EUA/Otan ainda não havia sido satisfatória perante as necessidades enunciadas pela Rússia, mas, como sublinhou Lavrov, as negociações diplomáticas “estão longe de estarem esgotadas” e devem ser “continuadas e intensificadas”.

Os EUA anunciaram na segunda-feira a transferência da embaixada de Kiev para Lvov, cidade mais próxima à fronteira com a Polônia e conhecida por seus agrupamentos de neonazis.

Outros parceiros seguiram as orientações de Washington, como o Reino Unido, Holanda e Estônia.

Em Israel, nem o shabat sagrado escapou de ser violado no afã de proceder à ordem de retirada de israelenses da Ucrânia.

A campanha de desinformação já foi repetidamente refutada pela Rússia – inclusive pelo presidente Vladimir Putin a Biden no sábado, por telefonema, realizado a pedido de Washington.

No qual o líder russo reafirmou que as propostas de Moscou para restauração da segurança coletiva na Europa e fim da expansão da Otan precisam ser atendidas, observou que não está havendo a necessária contribuição do Ocidente para que o governo de Kiev cumpra com os termos do acordo de paz de Minsk e ouviu novamente de Biden perorações sobre “sanções infernais” em caso de “invasão”.

Em Berlim, ao lado de promessas de marchar unido com o Ocidente, com sanções, em caso de “invasão russa da Ucrânia”, o primeiro-ministro Olaf Scholz reafirmou seu empenho em trabalhar por uma saída diplomática, foi a Kiev se reunir com o presidente Zelensky e nesta terça-feira estará em Moscou.

Scholz argumentou que o ingresso da Ucrânia está “fora da agenda da Otan” e não deveria causar tanta tensão, recusou o pedido de Kiev para fornecimento de armas e concedeu nova ajuda econômica de 300 milhões de euros.

Também no sábado houve uma conversa por telefone entre Lavrov e seu homólogo norte-americano, Anthony Blinken. A quem Lavrov classificou a campanha de mentiras movida desde Washington como uma “provocação”. Os EUA, que já mantêm na Europa 80 mil soldados norte-americanos, enviaram mais 3 mil, para “reforçar o flanco leste”, na Polônia e Romênia.

Em Kiev, ocorreram os primeiros sinais de trincagem no regime. O embaixador ucraniano em Londres, Vadym Prystaiko, chegou a dizer publicamente que a Ucrânia poderia ter de “reconsiderar” sua adesão à Otan, declaração que, depois de repreendido, remendou.

Os ministérios da Defesa da Ucrânia e da Bielorrússia, em um sinal de distensionamento, anunciaram que as manobras militares (União Determinada 2022) na Bielorrússia serão visitadas por um adido militar ucraniano, o mesmo acontecendo com as manobras em curso na Ucrânia (Metel 2022).

No entanto, o presidente Zelensky, na reunião com Scholz insistiu no ingresso na aliança bélica.

Depois do golpe CIA-neonazis de 2014, além de transformar os colaboracionistas de Hitler em ‘patronos da pátria’, o atual regime inscreveu na própria ‘constituição’ a ordem de ingressar na Otan.

O regime de Kiev não consegue explicar o que há de ruim em ser um país neutro, um país não pertencente a nenhum bloco militar, como a Suíça, a Suécia, a Áustria e a Finlândia.

Ou porque um país multiétnico tem que ter um só idioma, ao contrário, por exemplo, da Suíça (alemão-francês-italiano), da Bélgica (francês-holandês-alemão) e do Canadá (inglês-francês).

Deste que rompeu a milenar relação com a Rússia, especialmente na questão da economia interligada, a Ucrânia virou o país mais pobre da Europa, depois de ter sido a mais rica república da União Soviética.

Enquanto faz alarido sobre manobras militares que a Rússia realiza dentro de seu próprio território, a mídia passa por alto que os EUA e Otan são useiros e vezeiros em promover no continente europeu exercícios militares. No dia 20, começa no Mar Mediterrâneo o exercício antissubmarino “Dynamic Manta 22”, que é seguido pelo exercício “Dynamic Guard” na Noruega dois dias depois. Ambos transitam para o “Cold Response”, o maior jogo de guerra na Noruega desde a década de 1980, envolvendo 35 mil soldados de 28 países.