Há 48 anos, PCdoB emitia nota sobre o assassinato de Marighella
No dia 4 de novembro de 1969, o revolucionário e fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella, foi assassinado, vitima da ditadura militar.
Leia abaixo a íntegra da nota emitida pelo PCdoB no jornal A Classe Operária, redigida por Carlos Nicolau Danielli, logo após a brutal ação da ditadura militar.
Vítima de torpe cilada, vilmente fuzilado em plena rua pela polícia, morreu Carlos Marighella. O assassinato deste conhecido revolucionário é mais uma ação vergonhosa e covarde que se acrescenta à onda de inomináveis violências que a ditadura militar vem cometendo. A história do Brasil registra poucos crimes políticos tão infames, tão friamente planejados como o perpetrado na Alameda Casa Branca, em São Paulo. Dezenas de beleguins, poderosamente armados, a traição, levaram a cabo um homicídio puro e simples. Este monstruoso crime da ditadura é parte de todo um plano visando amedrontar, através do terror e do banditismo, os democratas e patriotas. Desesperados, inteiramente repudiados pelas massas, cada vez mais isolados, os generis que assaltaram o poder intensificam a repressão em todo o país, realizam toda sorte de arbitrariedade e praticam crimes os mais selvagens. A vaga de repressão que se estende por todo o país e se equipara à do período do Estado Novo, não conseguira, no entanto, deter os que combatem a ditadura e o imperialismo norte-americano. O sangue dos mártires a o sofrimento dos suplicados se voltam contra os próprios tiranos, despertam novas energias revolucionárias, são a semente generosa de onde brotarão novos combatentes da causa da democracia a da emancipação nacional. Neste sentido, o exemplo de Carlo Marighella é bem típico. Revolucionário desde a juventude, já em 1936 era preso no Rio de Janeiro.
Submetido a cruéis torturas na Polícia Especial, não capitulou diante de seus algozes. Durante o Estado Novo, passou oito anos nos cárceres da capital de São Paulo, da Ilha de Fernando de Noronha e da Ilha Grande. Em 1964, logo após o golpe militar, foi detido arbitrariamente na Guanabara, ocasião em que a polícia tentou assassiná-lo, ferindo-o gravemente. Mas nenhuma violência abalou seu espírito revolucionário. Prosseguiu na luta contra a ditadura, até que foi trucidado pelos verdugos da reação. O exemplo de coragem e firmeza de Carlos Marighella infundirá novo ânimo aos combatentes da democracia e da independência nacional e fará surgir outros lutadores como ele, capazes de enfrentar sem temor os generais fascistas e toda a corja reacionária que os apoia. É certo que, durante algum tempo, Marighella deixou-se influir pelo revisionismo e, recentemente, tinha adotado uma tática política que não conduzirá o povo brasileiro à vitória contra seus inimigos. É verdade também que não chegou a compreender o verdadeiro caráter do partido da classe operária a subestimou o seu papal como elemento indispensável e decisivo para alcançar um governo popular. Não era um marxista-leninista. Apesar disso, Carlos Marighella viveu e morreu como revolucionário. Seu nome ficará inscrito entre os que no Brasil, desde a Colônia aos dias atuais, lutaram denodadamente contra a espoliação estrangeira e a tirania. Os verdadeiros lutadores anti-imperialistas e democratas tirarão lições e experiências de seus erros, mas saberão, antes de tudo, inspirar-se em sua bravura e em sua fibra de revolucionário. Carlos Marighella é um combatente que tomba na marcha ascendente da revolução.
Sua vida de lutas ficará para sempre gravada no coração das grandes massas exploradas a oprimidas do Brasil.