O ministro da economia Paulo Guedes

O ministro da economia Paulo Guedes ameaçou os deputados e os servidores públicos afirmando que, sem a aprovação da reforma administrativa, os salários estariam ameaçados: “Se nada for feito os salários estão ameaçados”, disse.

A afirmação foi feita durante discussão da admissibilidade ou não da reforma (PEC 32), na Comissão de Constituição e Justiça, na Câmara Federal, na terça-feira (11). O empenho do ministro é para não faltar o dos bancos.

No início da pandemia, o governo liberou um trilhão e duzentos bilhões de reais para os bancos, que seguraram o que puderam na liberação para micro, pequena e média empresas. Paga R$ 33 bilhões por mês só de juros da dívida pública para os banqueiros, o que viabiliza que, na maior crise econômica da nossa história, o maior banco privado do país, o Bradesco, lucre, no primeiro trimestre de 2021, R$ 6,5 bilhões de reais.

A PEC 32 acaba com a estabilidade, menos para as carreiras típicas de estado (que só serão definidas depois), acaba com o concurso público e vai permitir que o presidente Bolsonaro faça mudanças sem passar pelo Congresso.

Para as lideranças sindicais, a PEC é “a destruição do serviço público”, como afirmou Rudinei Marques, presidente do Fonacate (Fórum Nacional Permanente das Carreiras de Estado). “Será o caos na segurança pública”, disse André Luiz Gutierrez, da Confederação dos Trabalhadores da Polícia Civil (Cobrapol). “O fim da estabilidade será um desastre para os municípios”, falou João Paulo, da Fasubra (Sindicato dos servidores de instituições educacionais).

Em sua carreira, com a chantagem, o ministro conseguiu a aprovação da PEC 186, que, em troca do auxílio emergencial de R$ 250,00, o Congresso cedeu o congelamento dos salários dos servidores e a suspensão dos concursos públicos por 15 anos.

Guedes disse que o mundo ia acabar quando o Congresso liberou R$ 600 de auxílio emergencial a 60 milhões de brasileiros, o apoio aos estados e municípios e à pequena e média empresa. Era blefe. Com os auxílios, a economia melhorou, ou ao menos uma catástrofe ainda maior no país foi evitada.

Além das ameaças e chantagens, Guedes ofendeu os servidores públicos: “Nós poderíamos estar aqui, como qualquer governo, abrindo concurso público e botando uma porção de gente para dentro, para aparelharmos o estado e termos bastante militantes trabalhando para nós no futuro”.

Não foi a primeira vez que veio a público sua falta de educação com o funcionalismo. Na degenerada e conhecidíssima reunião dos ministros bolsonaristas, de 22 de abril do ano passado, Guedes, pensando que estava protegido, falou à vontade: chamou os servidores de parasitas e disse que o congelamento dos salários do funcionalismo foi uma granada no bolso do inimigo.

Todas essas ofensas, calúnias, congelamento de salários, corte de direitos ocorrem em plena pandemia, com 420 mil mortos pela sua responsabilidade e com os servidores na linha de frente do combate. Por fim, é sempre bom lembrar que Guedes foi conselheiro do também genocida Pinochet, que acabou com a aposentadoria pública no Chile, a transferindo para os bancos, o que levou ao aumento do índice de suicídio entre idosos naquele país.