Grupo invade ala para Covid-19 de hospital do Rio de Janeiro

Um grupo de ao menos seis pessoas invadiu e depredou, nesta sexta-feira (12) o Hospital Ronaldo Gazolla, referência no tratamento da Covid-19, no Rio de Janeiro. A ação aconteceu após Bolsonaro pedir que seus seguidores invadissem hospitais para mostrar leitos para Covid-19 vazios.
Segundo funcionários do hospital, citados pelo Jornal ‘O Globo’, as pessoas seriam parentes de um paciente que faleceu na unidade, vítima do novo coronavírus e estavam revoltados com a possibilidade de leitos vazios nos hospitais. De acordo com o jornal, “eles gritavam, pelo quinto andar da unidade, que tinham direito de verificar os leitos, para ver se estavam mesmo ocupados, e por vezes, ainda segundo relatos de quem presenciou tudo, também gritavam: ‘Mentira! mentira!’”
Uma mulher integrante do grupo teria chutado portas, derrubado computadores e até tentado invadir leitos de pacientes internados.
Durante uma de suas lives, Bolsonaro incitou seus apoiadores a “dar um jeito” de entrar em hospitais e filmar os leitos destinados aos pacientes da Covid-19, para provar que há leitos vazios. Segundo ele, ninguém morreu por falta de leitos de UTI no país e o número de mortes por coronavírus no Brasil é “inflado” para prejudicá-lo.
Nesta sexta-feira, o Brasil ultrapassou o Reino Unido em mortes decorrentes da Covid-19 e se tornou o 2º país do mundo com mais falecimentos por conta da doença.
O Brasil contabilizou 42.161 mortes registradas e 843.406 casos confirmados de coronavírus até a noite desta sexta segundo informações do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). De acordo com o boletim divulgado pela entidade nesta sexta-feira (12), nas últimas 24h foram contabilizados mais 1.242 óbitos e 40.578 diagnósticos positivos.
DISCURSO
Alex Telles, médico da unidade e presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sindmed), contou que as pessoas invadiram a unidade de maneira muito agressiva e destacou: “Com o discurso do presidente, de que é pra dar qualquer jeito para entrar em hospital, infelizmente a tendência é que as pessoas se sintam cada vez mais autorizadas a desrespeitar as normas. Nós estamos ali cuidando das pessoas, sobrecarregados e somos vítimas disso tudo”.
Talles ainda disse que o grupo “entrou de maneira muito agressiva, abrindo portas, xingando funcionários, assustaram pacientes. Os médicos ficaram numa situação de total exposição”.
“No final da manhã um grupo de familiares ingressou no hospital, e eles não poderiam subir até o quinto andar, já que os familiares estão sendo atendidos no térreo. É uma área só com pacientes com Covid-19, com risco biológico 3. Eles entraram de maneira muito agressiva, porque uma familiar foi a óbito e eles não aceitavam a situação, diziam que a mãe estava bem ontem (quinta-feira) e perguntavam como ela morreu hoje. Infelizmente, é uma doença que tem um curso muito rápido”, explicou o médico.