Os trabalhadores petroleiros da Petrobrás completam seu terceiro dia de greve, nesta segunda-ira (03), contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobrás no Paraná (Fafen-PR).
Segundo relatório parcial da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o movimento já alcançou 11 estados do país e 20 bases operacionais, até o início da manhã.
A greve teve início no sábado (1º) e tem como pauta “o estabelecimento imediato de um processo de negociação com a Petrobras”, e reivindica também que a empresa “cumpra de fato o que prevê o Acordo Coletivo de Trabalho [ACT], com suspensão imediata das medidas unilaterais tomadas pela gestão e que estão afetando a vida de milhares de trabalhadores”.
Uma comissão de negociação da FUP, formada por cinco dirigentes da entidade, ocupou a sala de reuniões do quarto andar do edifício-sede da Petrobras, no Rio de Janeiro na tarde de sexta-feira (31), com o objetivo de pressionar a gestão a negociar com a entidade alternativas que evitem as demissões na Fafen-PR. Além disso, a comissão espera abrir um canal de negociação com a empresa que possibilite resolver as pendências do acordo coletivo trabalho.
Contudo, após a ocupação a empresa cortou a energia e o fornecimento de água da sala de reuniões, além de impedir a entrega de alimento e água mineral para a comissão. Durante o fim de semana, a Justiça determinou a religação de energia e da água, sob pena de multa horária de R$ 100 mil.
Desde o início das discussões sobre o ACT, os trabalhadores encontram dificuldades e resistência da diretoria da empresa para negociar manutenção das conquistas do último acordo.
“Estamos aqui [..] para abrir um canal direto de negociação com a empresa. Mas os espaços de negociações coletivas vêm sendo esvaziados. Queremos negociações de fato. A Petrobras não tem o direito de regular nossas mentes e nossos corpos. Ela tem o direito de exigir nossa conduta profissional, e isso nós temos”, afirma a diretora da FUP Cibele Vieira, que integra a comissão.
Segundo a FUP, 37 petroleiros foram mantidos dentro da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, desde às 23h30 da sexta-feira (31). De acordo com Alexandre Finamori, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG), a administração da unidade manteve os trabalhadores confinados na Refinaria para impedir que aderissem à greve.
“Todos saíram exaustos, depois de quase 50 horas de trabalho, proibidos de saírem do local de trabalho, sob ameaça de serem demitidos por abandono de trabalho se saíssem da unidade”, contou Alexandre.
Os sindicalistas recorreram ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e até à Polícia Federal (PF) para conseguir libertar os trabalhadores, segundo a FUP.
“Queremos negociar o controle com segurança da produção, garantir o abastecimento da sociedade e todas as condições para garantir nosso direito de greve”, afirma Alexandre.
No sábado, o Ministério Público do Trabalho (MPT) esteve na Fafen-PR e constatou condições insalubres devido ao vazamento de amônia provocado pela paralisação da caldeira que mantém a fábrica operando. A paralisação foi uma decisão da diretoria da empresa para acelerar sua desativação.
A decisão foi tomada à revelia dos alertas feitos pelos trabalhadores da fábrica, que ocupam a unidade há 13 dias. O MPT determinou que a Petrobrás tome medidas imediatas para garantir o bom funcionamento da unidade e a segurança da população.