Centro de Atenas foi tomado por manifestantes contra expansão da presença da Otan na Grécia

Milhares de pessoas foram às ruas na quinta-feira (12) em Atenas e outras cidades da Grécia, sob convocação da oposição e dos sindicatos, para rechaçar a participação da Grécia na guerra na Ucrânia por meio do envio de material militar efetuado “em nome dos Estados Unidos, OTAN e União Europeia” e para repudiar o acordo que estende a mais bases a presença da OTAN/EUA no país.

Os manifestantes percorreram todo o centro de Atenas até à praça Syntagma, onde está localizado o parlamento grego, onde estava em discussão um “protocolo de emenda” ao acordo militar Grécia-EUA, a quatro dias da visita oficial do primeiro-ministro conservador Kyriakos Mitsotakis a Washington.

Pela manhã, duas gigantescas faixas, com a frase em grego e inglês “Não à guerra, não à participação, não às bases da morte” foram desfraldadas na colina da Acrópole por uma centena de apoiadores do Partido Comunista Grego (KKE).

Nos protestos, os manifestantes assinalaram que o ‘acordo’ não se destina a defender o povo grego, e sim assinala “uma participação ainda mais intensa nos perigosos planos dos Estados Unidos e OTAN” contra a China e a Rússia.

A entrega de mais quatro bases para utilização pelas tropas norte-americanas, estabelecida no novo protocolo, foi duramente condenada pela oposição. O novo acordo tem validade de cinco anos, mas pode ser prorrogado indefinidamente.

Os comunistas anunciaram uma “mensagem clara”: “no mesmo dia em que o governo traz ao Parlamento a ratificação do Acordo Greco-Americano das bases militares, conclamamos o povo a lutar pela sua anulação e a fortalecer a luta contra qualquer envolvimento e participação do país nos matadouros imperialistas”.

Em Patras, militantes estenderam no quebra-mar do antigo porto uma faixa com os dizeres: “Não ao acordo greco-americano. Fora OTAN. Nenhum envolvimento na guerra”.

A cessão de mais bases aos EUA e sua aliança agressiva acabou passando no parlamento grego por 181 votos a 119. A bancada da OTAN incluiu os 157 deputados governistas, mais 22 trânsfugas ‘socialistas’ (Pasok) e 2 ‘independentes’. Votaram não os comunistas, os deputados do Syriza, os ligados ao ex-ministro das finanças grego Varoufakis (MeRa25) e os da Solução Grega.

Têm sido frequentes os protestos contra a OTAN e o envio de armas ao regime neonazi de Kiev, com manifestantes lançando tinta vermelha sobre os tanques transportados na direção da Ucrânia e ferroviários se negando a atender ordens. Em paralelo, diante do aumento da inflação gerado pelas sanções contra a Rússia, os trabalhadores gregos recorreram à greve geral por duas vezes em 30 dias, para exigir o reajuste de salários e a contenção da carestia. A primeira, no início de abril, e a segunda, logo em seguida ao 1º de Maio.