Governo Trump é acusado de ignorar 27 recomendações no combate à Covid
Em relatório divulgado na quinta-feira (28), o Escritório de Fiscalização do Governo dos Estados Unidos [Government Accountability Office – GAO] identificou problemas críticos no combate à Covid-19 do governo Trump.
Assinalando que tais falhas estão exigindo atenção federal redobrada, o GAO aponta desde ineficácia na distribuição de vacinas e nas cadeias de fornecimento até furos no programa de vacinação.
O relatório revelou que o GAO tinha feito 31 recomendações diferentes com o objetivo de melhorar o tratamento e o combate à pandemia e o governo de Donald Trump só implementou 4. E registrou ainda seu inconformismo em que as agências federais “não tenham agido de acordo com as recomendações para consertar lacunas críticas na cadeia de fornecimento médico”.
O deputado James E. Clyburn (D-S.C.), líder da maioria da Câmara e presidente do Subcomitê sobre a Crise do Coronavírus, afirmou: “O alarmante relatório de hoje do Escritório de Fiscalização do Governo fornece mais uma confirmação daquilo que as investigações do subcomitê da Câmara deixaram claro: a resposta ao coronavírus do governo anterior falhou em todos os aspectos, exacerbando o número de mortes, doenças e danos econômicos da pandemia”.
“O relatório ilustra como a resposta foi ineficaz, sem uma estratégia de testes ‘abrangente’ e falhando em lidar com a escassez de suprimentos médicos; ineficiente, que abalou os estágios iniciais da distribuição de vacinas; e injusta, falhando em proteger os trabalhadores e deixando os programas federais de ajuda emergencial ‘vulneráveis ao risco significativo de atividades fraudulentas’”, disse o líder da maioria em declaração.
“Talvez o mais perturbador”, acrescentou Clyburn, “é que o relatório de hoje revela que apesar das diferentes recomendações do GAO com o objetivo de melhorar a resposta, o governo Trump não as implementou”.
A recusa do governo que saiu em agir de acordo com essas recomendações também foi condenada pelo presidente do Comitê de Segurança Interna da Câmara, o deputado democrata Bennie Thompson, que constatou que “este relatório confirma o que já sabíamos: o governo Trump não tomou nenhuma ação significativa para melhorar a resposta federal à pandemia de Covid-19 durante seus meses finais”.
“Sua inação para enfrentar as deficiências críticas que o GAO identificou anteriormente, incluindo o desenvolvimento de planos claros e abrangentes para testes e distribuição de vacinas, provavelmente custou vidas e criou uma confusão ainda maior para a nova administração”, acrescentou.
Em um quadro em que mais de 430 mil norte-americanos morreram de Covid-19 até quinta-feira (28) e as hospitalizações do país, embora em queda, ainda ultrapassaram 100 mil todos os dias deste mês, o presidente Joe Biden anunciou a compra de doses adicionais suficientes para vacinar completamente um total de 300 milhões de pessoas em todo o país até o final do verão ou início do outono.
Mas o fracasso do governo Trump em deixar qualquer plano de implantação nacional tornou essa tarefa mais desafiadora, aponta o relatório.
A deputada Rashida Tlaib (democrata de Michigan) observou como a notícia não era surpreendente, considerando a propensão do governo Trump à desonestidade – incluindo mentiras anteriores sobre a distribuição de vacinas.
Era sabido que s conselheiros de Biden tinham sofrido hostilidade do governo Trump durante a transição, mas de acordo com Jeff Zients, coordenador da força tarefa Covid-19 da Casa Branca, “o que herdamos da administração Trump é muito pior do que poderíamos imaginar”.
O jornal Daily Beast informou que, enquanto a administração Biden “começa a definir a melhor forma de remediar a situação, eles estão descobrindo que a base sobre a qual Trump construiu seu programa de distribuição de vacinas é mais falha do que anteriormente entendido. Desde a contabilidade até a forma como as vacinas são alocadas e programadas para entrega – o sistema não permite o movimento rápido das vacinas para fora da linha de fabricação até os pontos de distribuição de vacinas estaduais”.