As consequências da política de desmonte das estatais e serviços públicos praticadas por Bolsonaro vieram à tona nesse início de ano com o total descaso que afeta milhões de trabalhadores, aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que não conseguem solicitar suas aposentadorias ou receber benefícios.
O INSS possui hoje cerca de 35 mil funcionários, sendo 12 mil em condição de pedir aposentadoria e o governo vetou qualquer concurso público na instituição.
No final do ano passado, foi anunciado o corte de 50% da estrutura do órgão, e o total de agências fechadas poderá chegar a 500 até julho. Além disso, 20 unidades regionais do Dataprev, empresa que processa os dados de 35 milhões de aposentados, também serão fechadas, e 493 funcionários serão demitidos. O Dataprev também está lista de privatizações do governo Bolsonaro.
“O INSS passa por um quadro deficitário extremamente gravoso”, denunciou ainda no ano passado Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário). “Há agências fechando em diversos estados, várias com poucos funcionários, muitos servidores prestes a se aposentar e os que sobram estão superatarefados.”
“No Brasil, são cerca de 1.700 agências. Há pelo menos uma centena em processo de fechamento por falta de quadro e condições de atendimento”, disse Moacir Lopes, membro de direção nacional da Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social).
O resultado do desmonte foi uma fila de 2 milhões de pedidos de aposentadoria, benefícios de assistência ao idoso, deficiente de baixa-renda, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-doença, que, segundo o governo não serão resolvidos totalmente antes de setembro.
Diante do caos, a solução apresentada pelo governo foi agora largar a bomba nas mãos dos militares.
Na terça-feira (14), o secretário de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou que 7 mil militares da reserva poderão atender à população. Mesmo com isso, o governo admite que as filas ainda vão perdurar por pelo menos seis meses.
E mesmo diante da atual situação de calamidade, que obrigou o governo a apelar para os militares, inadequados e despreparados para esse tipo de função, o ministério reafirmou em nota que a pasta “não pretende realizar concurso público para o INSS”.