A direção do Banco do Brasil (BB) quer entregar para os norte-americanos, até o fim do segundo trimestre, a administração da BB DTVM (BB Gestão de Recursos – Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.). A subsidiária integral do BB é especialista na gestão de fundos de investimentos de clientes do banco estatal e líder na gestão de fundos de investimentos no Brasil, com patrimônio superior a 1 trilhão de reais.
Segundo informações do relatório do banco à acionistas, “Análise do Desempenho do BB 3T19”, em setembro do ano passado o BB DTVM – uma das principais subsidiárias do BB – alcançou “R$ 1,1 trilhão sob custódia, evolução de 12,8% em relação ao mesmo período do ano anterior”.
O documento também destaca que em “relação à segmentação por investidor, segundo o Ranking Global de Administração de Recursos da ANBIMA de setembro de 2019, a BB DTVM permaneceu como líder nos segmentos: Investidor Institucional, Poder Público e Varejo”, diz o relatório.
O discurso oficial de Jair Bolsonaro de que o Banco do Brasil não está nos planos de privatização do governo é uma mentira deslavada. Assim como no caso da Petrobrás, o governo Bolsonaro está protagonizando a venda de ativos do BB, para mais à frente, com a empresa enfraquecida, entregar o controle do banco para o capital estrangeiro.
No dia 29 de janeiro, em evento organizado pelo banco Credit Suisse, em São Paulo, o privatista Rubem Novaes, escalado por Paulo Guedes para presidir o Banco do Brasil, voltou a defender seu “sonho de privatizar o Banco do Brasil”.
“Eu acho que com o tempo e a classe política, de uma maneira geral, vai se convencer de que o papel do BNDES e da Caixa já suprem a necessidade de um banco público e que o Banco do Brasil poderia estar liberado para uma privatização”, defendeu.
Além da privatização do BB DTVM, Novaes anunciou que o governo está próximo de fechar a negociação da venda do BB Americas – subsidiária que opera nos Estados Unidos e que tem sob sua custódia mais de US$ 600 milhões em ativos.
BB Banco de Investimentos (BB-BI)
No final do ano, o governo Bolsonaro entregou a administração da área de investimentos do Banco do Brasil – BB Banco de Investimentos (BB-BI) – para o banco suíço UBS Group AG. A privatização se dará pela criação de uma nova empresa no segmento de banco de investimento, na qual os suíços vão controlar a sociedade com 50,01% do capital e BB ficará com os 49,99% restantes.
O governo Bolsonaro deve entregar o BB DTVM para a BlackRock, que domina o mercado de gestão de ativos no mundo e cujo atual presidente da BlackRock no Brasil é Carlos Takahashi, que presidiu a BB DTVM entre 2009 e 2015.
No entanto, a Principal Financial Group e a Franklin Templeton Investments também estão na “disputa”. As três norte-americanas já enviaram propostas de intenção, mas as negociações bilaterais dependem da aprovação do banco Rothschild, que foi escalado pela diretoria do BB, em maio do ano passado, para “identificar um parceiro” nas áreas de investimento e gestão de recursos do BB.
ANABB
Para a Associação Nacional de Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) “o desmonte ou a desestruturação de unidades lucrativas [do BB] pode gerar sérias consequências no futuro”. A entidade encaminhou um ofício para o Tribunal de Contas da União (TCU) questionando a intenção do governo de privatizar a gestora de fundos da instituição do BB e alerta no documento que não há motivos para o governo se desfazer de subsidiárias do BB, já que a instituição é lucrativa e eficiente.
“Sem considerar recolhimento de impostos, o BB alimentou o caixa da União com R$ 32,397 bilhões nos últimos doze anos. Apenas com o lucro de 2018, mais de R$ 5 bilhões foram distribuídos para acionistas e investidores, sendo R$ 2, 7 bilhões para o Tesouro”, destacou a ANABB no documento enviado ao TCU.