Governo não pode partidarizar o Estado, ressalta bancada comunista
Comunistas criticam carta enviada pelo Ministério da Educação às escolas do país com slogan de campanha de Bolsonaro e pedidos de filmagem dos alunos durante leitura da carta e execução do hino nacional.
Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP), além de ser um absurdo propor a filmagem dos alunos, sem que haja consentimento das famílias, estampar o slogan de campanha do atual presidente em documento oficial é crime. “Não podemos permitir que o governo partidarize o Estado brasileiro”, afirmou.
Alice Portugal (PCdoB-BA) ressaltou que a mensagem viola, por exemplo, o princípio da impessoalidade da administração pública, previsto na Constituição Federal. Em seu artigo 37, §1º, a Carta Magna veda a publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos que constem nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Caso seja comprovada a violação, a carta do ministro da Educação pode constituir ato de improbidade administrativa.
Em nota, o MEC informou que a atividade “faz parte da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais”. Após a repercussão negativa, o ministério acrescentou um trecho à nota dizendo que fará uma seleção das imagens recebidas e que, antes de qualquer divulgação, será solicitada autorização legal da pessoa filmada ou de seu responsável.
A vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), classificou de doutrinação o pedido contido na mensagem de Rodríguez e ainda criticou a capacidade de formulação de políticas públicas para a educação brasileira.
“Governo não tem capacidade para enfrentar os problemas estruturantes da educação pública e lança medidas absurdas. Ministro não sabe o que fazer, não mostra a que veio. Um governo que vive de um marketing ultrapassado, manjado, clichê. O cinismo da extrema-direita em fazer achar que a esquerda é contra o hino – um bem nacional, de todos os brasileiros. O protesto é contra a obrigatoriedade absurda que diretores filmem crianças sem consentimento dos pais e reproduzam o slogan de campanha de Bolsonaro”, explicou.
Valorização dos profissionais da educação, combate à evasão escolar e aos índices de analfabetismo, fortalecimento e garantia do acesso às cadeiras universitárias para os mais pobres são apenas alguns pontos que o colombiano ministro da Educação no governo Bolsonaro deveria se preocupar.
Segundo a parlamentar, se os alunos começarem a filmar os reais problemas de suas escolas e mandarem para a caixa de e-mail do governo, “Bolsonaro e sua trupe desistiriam na hora e provavelmente mudariam o endereço de e-mail oficial para evitar serem confrontados com a realidade”.
Ironicamente, nesta terça-feira (26), o ministro da Educação irá ao Senado, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, onde deverá falar sobre o programa “Escola sem Partido” e outros projetos do governo Bolsonaro para o setor educacional.