O presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna

A direção da Petrobras anunciou, nesta terça-feira (28), que vai elevar o preço do diesel vendido pela estatal às distribuidoras em 8,89%. O preço médio de venda do diesel passará de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro, reajuste médio de R$ 0,25 por litro. O reajuste entra em vigor já nesta quarta-feira (29).

O anúncio foi feito no dia seguinte à entrevista coletiva do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, na segunda-feira (27), afirmou que “não há nenhuma mudança na política de preços da Petrobras”. A entrevista ocorreu horas depois de Bolsonaro declarar que debate maneiras de reduzir o preço dos combustíveis, afirmando que “nada está tão ruim que não possa piorar”.

“Continuamos trabalhando como sempre trabalhamos, acompanhando os preços [internacionais] para cima ou para baixo”, declarou Silva e Luna na coletiva, deixando claro que, com aval de Bolsonaro, a Petrobras continuará tendo seu preços amarrados à política do Preço de Paridade de Importação (PPI) e ao dólar. Com isso os combustíveis, ao lado da energia e dos alimentos, estão fazendo explodir a inflação e corroendo a já minguada renda do brasileiro.

O preço médio do litro do diesel no país estava em R$ 4,707 na semana passada, podendo ser encontrado a máxima de R$ 6,199 o litro. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

No acumulado do ano até agosto, o óleo diesel subiu 28,02% no país, de acordo com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.

Na mesma linha de Bolsonaro, Silva e Luna jogou a culpa da explosão dos preços dos combustíveis para o ICMS dos Estados. Segundo ele, o ICMS é um tributo que acaba potencializando a volatilidade no caso de aumento de preços.

No Congresso, parlamentares rebateram o discurso de Silva e Luna afirmando que é graças à política do Preço de Paridade de Importação (PPI) que os preços dos combustíveis disparam no Brasil.

Para o deputado Edio Lopes (PL-RR), “seria por demais simplista atribuir o elevado preço de combustíveis no Brasil apenas jogando a responsabilidade no ICMS. Em 2011, a gasolina custava R$ 2,90, e a carga tributária era a mesma dos dias atuais”, lembrou

O deputado, Lucas Vergílio (Solidariedade-GO) disse que “é preciso, urgente, pensarmos uma política de precificação que seja salutar para Petrobras, seus acionistas, mas que não seja danosa para os brasileiros”, defendeu Vergílio.

“Temos de ter uma política de preço capaz de não aviltar a situação das famílias do país”, disse o deputado Danilo Fortes (PSDB-CE). Para ele, a política de preços da Petrobras prejudica o país, “que vive uma tripla crise (energética, econômica e sanitária)”.