Flávio Dino defendeu política econômica ousada para evitar efeito no desemprego sobre o estado

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), avançou na redução da violência e colhe bons resultados dos investimentos em educação. O feito é ainda mais extraordinário se for levada em conta a extrema pobreza no estado. Cerca de 20% da população maranhense vive com menos de R$ 145 por mês. No Brasil, a fatia da população com esse perfil é de 6,5%.

Em entrevista ao Valor Econômico, Dino diz que o estado ainda depende dos programas de transferência de renda e de alta geração de emprego, como o Minha Casa, Minha Vida. Como essas iniciativas têm sido esvaziadas sob o governo Jair Bolsonaro, o combate à miséria no Maranhão foi prejudicado. “O efeito do ciclo econômico negativo aqui é mais duro. Estados como São Paulo ou Rio Grande do Sul têm uma força econômica própria. No Maranhão, não é bem assim”, afirma Dino.

Durante a recessão de 2015 e 2016, a economia do Maranhão sofreu mais do que a do Brasil: o PIB do estado encolheu 9,5% no período, enquanto o do País teve redução de 6,7%. Diante da crise, a opção do governador foi por uma política contracíclica de manutenção dos altos investimentos e gastos.

Segundo mais recente boletim de finanças da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o Maranhão encerrou 2018 com déficit primário de mais de R$ 700 milhões. “Fizemos uma opção de uma política econômica mais ousada senão o efeito no desemprego e na queda da atividade econômica iria ser dramático”, explica Dino.

Na semana passada, o governador aprovou novo piso de R$ 6.358,96 para os professores – uma alta de mais de 10% em relação ao piso anterior, que já era o mais alto entre os estados. O piso nacional é de R$ 2.886,24. Dino destinou todos os recursos do Fundeb para o salário dos professores. O restante dos investimentos na educação tem sido feito com recursos de um fundo específico com dinheiro do caixa, do BNDES e aportes privados.

Quando Dino assumiu o governo, o Maranhão não possuía nenhuma escola em tempo integral. Neste ano, essas escolas devem chegar a 74, totalizando 25 unidades a mais que no ano passado, além de uma escola bilíngue. O conjunto de investimentos na educação resultou no aumento da nota do Maranhão no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), fazendo o estado saltar da 21ª posição, em 2013, para a 13ª, em 2017, no ranking dos estados brasileiros.

Na área da saúde, o governo entregou nove novos hospitais desde 2015. Na segurança pública, outro êxito se destaca: ao praticamente dobrar o efetivo de policiais do estado, para 15 mil, e assumir o controle sobre o presídio de Pedrinhas, o governo reduziu os crimes violentos letais intencionais (CVLI) no Maranhão em 41,22% entre 2014 e 2019, segundo Secretaria Estadual de Segurança.

O dado mais expressivo vem da região metropolitana de São Luís, onde o recuo foi de 71,33% no mesmo período. Segundo o Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), São Luís é a capital brasileira que mais reduziu homicídios desde 2014.

Em 2017, dado mais recente disponível, o PIB do Maranhão cresceu 5,3%, enquanto o do Brasil avançou 1,3%. Para Dino, o crescimento é resultado da estratégia de não tirar o pé do acelerador durante a crise. Segundo o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), o crescimento também se deu com a recuperação do setor agropecuário maranhense, com destaque para a produção de grãos. “O estado está há três anos com geração de vagas positiva no Caged”, ressalta Dino.

Como a economia melhorou, Dino diz que vai fazer um ajuste no custeio para voltar a ter nota B do Tesouro em 2021 e poder ter acesso a crédito e continuar investindo. No ano passado, o Estado investiu R$ 1,3 bilhão, cerca de 8% a menos que no ano anterior. “Agora a gente já está em um movimento inverso”, afirma.