Finlandeses protestam contra a entrada do país na Otan diante do parlamento em Helsinque.

“As autoridades da Finlândia intimidam a população para que não se pronuncie contra a entrada do país na Aliança Atlântica”, afirmou o jornalista Juha Korhonen em entrevista à Rede RT.

Segundo o repórter, “a Otan não vai fortalecer a segurança da Finlândia, motivo pelo qual muitos residentes deste país se opõem a esta medida, recentemente anunciada pelo governo”.

Embora a percentagem exata de finlandeses que são contra a adesão à aliança seja desconhecida, o número em anos anteriores atingiu 60 e 70% da população, que considerava que a Otan “acirra as tensões” entre Helsinque e Moscou, revelou o jornalista.

“Temos uma fronteira comum de 1.300 quilômetros e nos últimos 80 anos os finlandeses aprenderam a viver em harmonia com a Rússia e não querem nenhum confronto”, disse Korhonen, esclarecendo que é justamente para esconder isso que a Finlândia não organizou um referendo nacional sobre o assunto.

Tentam controlar as redes sociais

O jornalista finlandês destacou que, embora toda a mídia nacional aborde a questão do ponto de vista do governo, o problema é que tentam controlar as redes sociais. “Lá, se você disser algo contra a Otan, se torna imediatamente um agente das autoridades estrangeiras, ou seja, um agente russo neste caso”, assinalou Korhonen, que também foi acusado de receber financiamento da Rússia para promover um ponto de vista contra a Aliança Atlântica.

“As pessoas são intimidadas no trabalho e até no telefone, além desses gritos nas redes sociais: são assim obrigadas a não se manifestar contra ou simplesmente não expressar sua opinião”, prosseguiu denunciando o autoritarismo vigente.

Por que não houve referendo?

Em 18 de maio, a Finlândia e a Suécia solicitaram formalmente a adesão à Otan. Embora os governos dos dois países nórdicos e sua mídia tenham divulgado de forma ampla que a medida conta com o apoio popular, a drástica mudança não foi respaldada por um referendo nacional em nenhum dos dois casos.

Neste domingo (23), a consulesa geral da Rússia na cidade sueca de Gotemburgo, Anastasia Fiódorova, publicou uma fotografia mostrando centenas de pessoas que saíram às ruas da cidade com faixas para protestar contra a medida. “Esta foto, tirada hoje em Gotemburgo durante uma manifestação contra a adesão do país à Otan, mostra claramente por que não houve um referendo nacional na Suécia sobre a adesão à aliança e em quais grupos [da população] se realizam as pesquisas de opinião pública”, escreveu.