Governo de Militares e o Escândalo da ABIN
As forças armadas precisaram de anos para recuperar o prestígio junto à população após a ditadura militar. O papel adotado pelos militares se restringiu ao determinado pela Constituição Federal de 1988, o que engloba uma grande variedade de funções. Jair Bolsonaro coloca em cheque esse trabalho ao trazer novamente militares para desempenhar tarefas civis, funções para as quais eles não estão preparados.
Por Haroldo Lima*
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), são mais de seis mil militares em cargos civis. O número dobrou em relação ao governo de Michel Temer e é superior à própria ditadura militar. Os militares, como o ministro da Saúde Eduardo Pazuello, acumulam os benefícios salariais e obedecem docilmente aos comandos de Bolsonaro – um capitão reformado por indisciplina.
Essa deformação desmoraliza o comando militar. O general Villas Boas, ex-comandante do exército, foi insultado por Olavo Carvalho sem que o governo nada tenha feito para o defender. O último episódio foi o uso da Abin para produzir relatórios para o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, que está enrolado em esquema de peculato. É preciso que os cargos civis sejam ocupados por civis ou militares da reserva competentes.
*Haroldo Lima é ex-diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e membro do Comitê Central do PCdoB
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(PL)