O governo da Índia decretou quarentena por três semanas para deter o contágio da pandemia de Covid-19. “A partir da meia-noite, todo o país passará por um bloqueio completo para salvar a Índia e, para todos os indianos, haverá uma proibição total de sair de suas casas. Peço que permaneçam onde quer que estejam neste país”, afirmou o primeiro-ministro Narendra Modi em discurso à nação na noite de terça-feira.

O líder indiano destacou que “de acordo com especialistas em saúde, um mínimo de 21 dias é o mais crucial para interromper o ciclo de infecção”, advertindo que a inação diante da pandemia faria a Índia e as famílias “retrocederem 21 anos”.

“Se nós não conseguirmos administrar os próximos 21 dias, muitas famílias serão destruídas para sempre”, acrescentou Modi. Segundo país mais populoso do mundo, a Índia é a quinta economia do planeta.

O primeiro-ministro instou 1,3 bilhão de cidadãos a “ficarem dentro de casa” e 36 estados e territórios foram declarados oficialmente “fechados”. “A Índia está no estágio em que nossas ações hoje decidirão em que medida podemos reduzir o impacto desse desastre”, enfatizou.

“Você viu as situações mundiais decorrentes da pandemia de coronavírus nas notícias. Você também viu como as nações mais poderosas se tornaram impotentes diante dessa pandemia”, disse Modi no discurso.

Vários estados indianos já haviam ordenado nos últimos dias o confinamento, na tentativa de impedir a propagação do vírus. As fronteiras indianas foram fechadas para a maioria dos viajantes vindos da Europa. As aulas já estavam suspensas. O número oficial de casos é de 434, com 9 mortes.

Somente serviços essenciais continuaram operando, o que inclui água, eletricidade, serviços de saúde, bombeiros, mantimentos e serviços municipais.

O decreto obriga o fechamento de lojas, estabelecimentos comerciais, shoppings, restaurantes, fábricas, oficinas, escritórios, mercados, cinemas, teatros e ainda locais de culto. A construção civil também ficará parada durante esse período.

Os trens pararam de circular e Nova Délhi, a capital do país, está formalmente sob toque de recolher. Escolas estão sendo convertidas em enfermarias de quarentena.

No domingo, por toda a Índia as pessoas homenagearam os profissionais médicos que estão na linha de frente do combate à Covid-19, batendo em panelas e frigideiras e fazendo soar sinos. As equipes médicas que aplicam os testes nos casos suspeitos estão reclamando da proteção inadequada.

Modi reiterou que o distanciamento social é “a única opção para combater o coronavírus”, de acordo com os especialistas. “Isso é permanecer separado um do outro e ficar confinado dentro de suas casas. Não há outra maneira de permanecer a salvo do coronavírus”. “Para parar a propagação, temos que quebrar o ciclo de infecção”, insistiu.

“Esse vírus se espalha como fogo. Olhando a experiência desses países e o que dizem os especialistas, a única maneira bem-sucedida de combater a disseminação do vírus é o distanciamento social ”, frisou o primeiro-ministro.

Modi acrescentou que algumas pessoas acreditam que o distanciamento social é apenas para aqueles que estão infectados com a doença. “Não é verdade, e esse pensamento será prejudicial para você, para mim e para todos. O distanciamento social é para todos, até para o primeiro-ministro ”.

“Certamente, o país terá que arcar com o custo econômico desse bloqueio. Mas a prioridade do governo é salvar a vida de todos os indianos neste momento ”, acrescentou Modi.

Para atenuar o choque econômico decorrente da paralisação de todas as atividades não essenciais, o governo indiano anunciou uma série de medidas.

Os prazos para apresentação de declarações fiscais foram prorrogados por três meses, as cobranças dos saldos bancários mínimos foram dispensadas e nenhuma taxa será cobrada pelo uso dos caixas eletrônicos de outros bancos.

O limite para invocar a insolvência foi aumentado em US$ 1.300, para US $ 131.000, disse o ministro das Finanças da Índia, Nirmala Sitharaman. O Ministério do Trabalho indiano pediu aos estados que ajudem os 35 milhões de trabalhadores da construção, que não têm contratos formais, ganhando por dia trabalhado, e durante a quarentena ficam sem serviço.