As autoridades da China criticaram o governo dos Estados Unidos por ter imposto restrições contra cidadãos chineses em consequência do novo coronavírus, denunciando Washington por “criar e espalhar o pânico”.

“O governo dos EUA não nos deu até agora nenhuma ajuda substancial”, disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Pequim, informando que a China já recebeu insumos médicos de vários países, como França, Japão, Turquia, Paquistão, Irã, Rússia e Reino Unido.

O governo de Donald Trump “foi o primeiro a retirar os funcionários do consulado em Wuhan, a mencionar a retirada parcial dos funcionários da embaixada e a impor uma proibição de entrada no seu território aos visitantes chineses”, disse, na segunda-feira (3), Hua. “Não param de criar e espalhar o pânico, o que dá um exemplo muito ruim”, completou, durante uma apresentação na rede social chinesa WeChat.

Assinalando que os destinos de todos os países estão estreitamente vinculados no mundo de hoje, Hua disse que ante uma crise de saúde pública, as nações deveriam trabalhar juntas para superar as dificuldades, em lugar de recorrer à prática de empobrecer o vizinho e muito menos aproveitar-se das dificuldades dos demais para tirar benefícios.

Washington não só proibiu a entrada em território americano de todos os não residentes procedentes da China, como recomendou a seus cidadãos que evitem viajar ao país asiático ou que abandonem o país. A medida afeta muitos chineses e estrangeiros, que estão impossibilitados de voltar a seus postos de trabalho, a suas universidades ou de fazer turismo nos Estados Unidos.

A China precisa de maneira urgente de máscaras e outros produtos médicos, como óculos e trajes de proteção, para enfrentar a epidemia do novo coronavírus, destacou a porta-voz. O vírus deixou 425 mortos entre os chineses, segundo o último balanço oficial, divulgado na terça-feira, 3. Em Hong Kong morreu outra pessoa, e mais uma nas Filipinas.

Ao contrário do governo Trump, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elogiou, na terça-feira, 4, as eficazes medidas de controle da China para combater a disseminação do novo vírus e pediu a todos os países para investir em preparação para tratá-lo e não entrar em pânico para poder debelar a epidemia.

Na 146ª sessão da reunião da Junta Executiva da OMS que se iniciou no dia 3 em Genebra, o diretor geral Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que a China “toma medidas sérias no epicentro, na fonte”, as quais não só protegem o povo chinês, como também evitam a propagação do vírus a outros países.

“Devido a esta estratégia, se não fosse pelos esforços da China, o número de casos fora de lá teria sido muito maior”, assinalou.

Sylvie Briand, diretora do Departamento de Preparação Mundial para os riscos de Infecção da OMS, indicou que “atualmente, não estamos em uma situação de pandemia”, um termo que se aplica a uma situação de propagação mundial de uma doença.

Na segunda-feira (3), começou a funcionar em Wuhan o hospital Huoshenshan para tratamento de pacientes com pneumonia causada pelo novo coronavírus 2019nCoV. O hospital foi construído em um tempo recorde de dez dias, com mil leitos e 25 mil metros quadrados.