O governo britânico anunciou que irá pagar 80% dos salários dos trabalhadores afastados do serviço em consequência das medidas de isolamento social para combate à pandemia de Covid-19, desde que as empresas não demitam e os mantenham na folha de pagamento. Nesta segunda-feira, em rede nacional o primeiro-ministro Boris Johnson determinou que o país entre em quarentena.

O plano – que complementa o pacote de estímulo de £ 350 bilhões anunciado no início da semana passada e visou deter o derretimento da bolsa e dos títulos – foi descrito pelo ministro da Economia, Rishi Sunak como “sem precedentes na história britânica” e “parte de um grande esforço nacional para proteger empregos”.

O Tesouro inglês vai garantir às empresas que não demitam um subsídio de 80% do salário, até o valor máximo de £ 2.500  – valor que é a mediana de salário no país. O subsídio inicialmente irá durar três meses, mas poderá ser estendido se o governo considerar a medida necessária.

Medidas semelhantes já foram aprovadas em outros países europeus. Como a Dinamarca, que pagará 75% do salário dos trabalhadores afastados por razão de saúde pública.

Na França, os trabalhadores demitidos temporariamente devido à crise do coronavírus têm o direito de reivindicar ‘subsídio de desemprego parcial’ igual a 84% do salário, e os empregadores são obrigados a manter seus empregos abertos para ele.

Nos EUA, o principal ponto de impasse com os democratas no pacote de cerca de US$ 1 a 2 trilhões de Trump de enfrentamento da crise é a resistência demonstrada pelos republicanos de estabelecerem na lei garantias de emprego e de salário para as corporações a serem socorridas. Trump anda prometendo um cheque de US$ 1.000.

Sunak disse ainda que “queremos olhar para trás e lembrar como, diante de um momento decisivo para uma geração, empreendemos um esforço nacional coletivo e ficamos juntos. Está em todos nós”.

Economistas estimaram em £ 78 bilhões o custo do plano nessa primeira etapa. O jornal Observer registrou que, para essa definição, tanto a central sindical TUC quanto a Confederação Britânica das Indústrias jogaram pesado.

Como comenta o articulista, “afinal, os negócios não podem prosperar sem compradores para seus produtos: a boa saúde e a renda previsível da população trabalhadora são vitais”. Registrou ainda que “os últimos vestígios do individualismo Thatcherista estão sendo incendiados e a parceria social está de volta como uma vingança”.

O ministro disse que não haveria limite no financiamento disponível para pagar os salários subsidiados. Dirigindo-se aos diretamente aos empregadores, à medida que um número crescente de empresas britânicas balança à beira do colapso, pondo em risco milhões de empregos, Sunak garantiu que o governo “está fazendo o possível” para prestar o apoio. “E estou pedindo que você faça o seu melhor para apoiar nossos trabalhadores.”

O governo também está adiando o próximo trimestre dos pagamentos do IVA, o que equivale a injetar outros £ 30 bilhões na economia e foi projetado para ajudar as empresas a permanecerem à tona, acrescentou. Anteriormente, o governo já havia reduzido o juro básico a 0,1% (juro real negativo) e garantido £ 200 bilhões para a liquidez.

Existem cerca de 33 milhões de trabalhadores na força de trabalho britânica. Embora o desemprego seja atualmente o mais baixo desde meados da década de 1970, espera-se que aumente drasticamente.

Segundo a consultoria Capital Economics, sem esse subsídio salarial o desemprego poderia dobrar para 8%, com mais de 1,5 milhão ficando sem trabalho. A previsão é de que a taxa de desemprego suba para cerca de 6%, com cerca de 700 mil pessoas demitidas.

Aos cinco milhões de trabalhadores por conta própria ingleses, o plano de Sunak prevê menos de 400 libras esterlinas por mês, na forma de um salário doença pago semanalmente. Esses trabalhadores estão reivindicando algum tipo de equiparação com os trabalhadores em folha – ou irão praticamente morrer de fome.

Para o Sindicato dos Trabalhadores Independentes da Grã-Bretanha, a exclusão dos trabalhadores independentes da promessa de sexta-feira é discriminatória e um risco para a saúde pública, já que os biscateiros vão ter que trabalhar do jeito que der para tentar sobreviver, mesmo podendo estar infectados.

O plano inclui ainda crédito fiscal de £ 1.000 libras esterlinas a mais de 4 milhões de famílias vulneráveis, no total de £ 7 bilhões e  £ 1 bilhão em apoio extra para locatários, de forma que o subsídio de habitação local cubra pelo menos 30% dos aluguéis em uma dada área.