Jair Bolsonaro (sem partido)

O governo Bolsonaro liberou um pagamento de R$ 1,03 bilhão para emendas individuais dos deputados federais três dias antes da votação da PEC do voto impresso, mas mesmo assim não conseguiu votos suficientes.

No mesmo dia da votação, Jair Bolsonaro pediu para a Marinha fazer um desfile com tanques em frente ao Palácio. Muitos parlamentares entenderam aquilo como uma pressão para tentar aprovar a proposta do governo.

Para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) são necessários 308 votos. O governo Bolsonaro conseguiu o voto de 229 deputados, enquanto outros 218 votaram contra e 64 se ausentaram, grande parte da base do governo.

Dos 229 deputados que votaram a favor da volta do voto impresso, 131 receberam pagamentos de emendas três dias antes da votação. Isto é, 57% dos favoráveis receberam antes de votar.

O tipo de pagamento de emenda parlamentar utilizado acontece sem fiscalização e direto para a Prefeitura indicada.

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) disse que a liberação de verbas antes da votação é, no mínimo, “curiosa”.

“Teria o governo intensificado a liberação de recursos para influenciar a votação da PEC? Se for isso, é mais um ataque inaceitável à democracia e à independência do Congresso”.

Paulinho da Força (Solidariedade-SP) acredita que se não fossem os pagamentos a votação a favor do voto impresso teria sido ainda menor.

“Nós não esperávamos aquela quantidade de votos. Calculávamos 150 votos. Essa quantidade toda teve algum mistério, acho que pode ser isso”, disse.

“É estranho que, numa véspera de votação, o governo libere recursos nessa quantidade toda. Ficou muito evidente que o governo liberou para angariar voto”.

“Então, agora a gente fica sabendo que não foi o tanque que arrumou voto. Foram as emendas”, completou.