Somente em novembro, o preço médio da carne vermelha subiu 5,26%, dez vezes mais do que em outubro, segundo o Índice de Preços ao Produtor Amplo, da FGV. Em São Paulo, o preço do quilo da carne atingiu a máxima histórica de R$ 15,79 na segunda-feira (25). A exportação cresceu principalmente por conta de uma busca maior do mercado chinês. Alheios às dificuldades das famílias brasileiras, o presidente Jair Bolsonaro e sua ministra da Agricultura, Tereza Cristina, dizem que não vão interferir para evitar a alta dos preços.

No sábado (30), Bolsonaro disse que é o mercado quem define o preço do produto. “Quero deixar bem claro que esse negócio da carne é a lei da oferta e da procura. Não posso tabelar, inventar. Isso não vai dar certo. Tivemos uma pequena crise agora [no preço da carne], mas vai melhorar”, afirmou, referindo-se como “pequena crise” ao tratar de alta média de 22,9% no mercado atacadista e sem dizer como o preso vai baixar sem o comprometimento do governo.

Na última sexta-feira (29), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o preço da carne vermelha esteve muito baixo nos últimos três anos e que agora não vai “voltar ao que era”.

Agrotóxicos

Além do preço alto da carne, Tereza Cristina também defendeu a liberação célere de agrotóxicos no país. Segundo a “Musa do Veneno”, como vem sendo chamada pelos críticos, os agrotóxicos não fazem mal à saúde.

“Ninguém está pondo veneno no prato de ninguém. Consumidor nenhum brasileiro está sendo intoxicado”, declarou.

Na semana passada, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a liberação de comercialização de 57 novos agrotóxicos, dois inéditos. O número de produtos liberados chega a 439 produtos no governo Bolsonaro.

Especulação

Segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), a exportação de carne brasileira cresceu aproximadamente 27% entre setembro e outubro deste ano, passando de 145 para 185 mil toneladas.

“… a carne vai continuar subindo e vai impor um desafio para a dona de casa. Quando a carne bovina sobe, outras carnes também sobem, ainda que não houvesse razão para isso, elas sobem pela questão da substituição [do produto]”, disse André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas.

O gerente de exportação de frigorífico, Rodrigo Coelho, explicou que a elevação dos preços também está relacionada à especulação.

“O movimento especulativo que os produtores, na expectativa de que o preço aumente, acabam segurando um pouco mais esse gado, demorando um pouco mais para enviar esse animal para o abate”, declarou Coelho.

A posição do governo Bolsonaro de não intervir nos preços ou propor limites às exportação privilegia o mercado especulativo em detrimento das famílias.