Cacique Firmino Prexede Guajajara, de 45 anos, da aldeia Silvino, executado em emboscada;

Um grupo de indígenas do povo Guajajara foi atacado a tiros de revólver, no sábado (07), enquanto percorria em motocicletas um trecho da rodovia BR-226 próximo à aldeia El Betel, na Terra Indígena Cana Brava, no município de Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão. No ataque morreram dois caciques: Firmino Prexede Guajajara, de 45 anos, da aldeia Silvino (TI Cana Brava), atingido por quatro disparos, e Raimundo Benício Guajajara, de 38 anos, da aldeia Descendência Severino, Terra Indígena Lagoa Comprida, segundo informou a liderança Magno Guajajara à agência Amazônia Real. Dois indígenas ficaram feridos.
Conforme informações do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) no município de Barra do Corda, os feridos são Neucy Cabral Vieira, da aldeia Nova Vitoriano, e Nico Alfredo, da aldeia Mussun, da TI Cana Brava. Eles estão sendo atendidos na Unidade de Pronto Atendimento de Barra do Corda.
Este é o segundo ataque a tiros contra indígenas Guajajara em menos de dois meses. No dia 1º de novembro, o guardião da floresta Paulo Paulino Guajajara, 26 anos, foi assassinado em um ataque de madeireiros na Terra Indígena Arariboia. O indígena Laércio Guajajara ficou ferido. Ele e mais dois Guardiões da Floresta ingressaram no Programa de Proteção à Testemunha devido às ameaças que sofrem no território. Os Guardiões da Floresta são defensores e atuam monitorando e combatendo a exploração ilegal de madeira nas terras indígenas do Maranhão.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) emitiu no domingo (8), uma nota pública responsabilizando o governo de Jair Bolsonaro, à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério da Justiça as mortes dos indígenas.
O Cimi responsabiliza diretamente Jair Bolsonaro e seu governo pelas mortes recentes de indígenas no País: “O atentado contra lideranças indígenas Guajajara, neste sábado, é de responsabilidade das autoridades do governo federal, que têm negado os direitos indígenas, incitado o preconceito e o ódio na população e acobertado a invasão dos territórios e a violência física contra os povos”.
A nota veio depois da morte de um terceiro índio, que foi registrada no país em menos de 24 horas.
O índio Humberto Peixoto, do povo Tuyuca, do Amazonas, foi vítima de espancamento a pauladas na última segunda-feira, em Manaus, e veio a óbito no sábado (7). Peixoto trabalhava na Cáritas Arquidiocesana do Amazonas como catequista e a motivação do crime ainda é investigada.
Em outro trecho, o Conselho lembra que o ministro das Minas e Energia disse que estava preparando um Projeto de Lei para ser enviado ao Congresso com o objetivo de regulamentar a exploração de minérios e outras atividades da agropecuária nos territórios indígenas.
“Os direitos dos povos indígenas têm sido negociados e entregues à bancada ruralista, que já tem o controle das ações da Funai em Brasília e nas regiões. Nestes últimos dias, o atual presidente da Funai, Marcelo Xavier, determinou que todos os servidores sejam obrigados a solicitar sua autorização para prestar assistência às comunidades indígenas, além de proibir o deslocamento de servidores a terras indígenas não homologadas e registradas” diz trecho da nota.
Ainda segundo avaliação do Conselho, o Ministério da Justiça, ao qual a Funai é subordinada, “está omisso e o ministro Sérgio Moro se nega a receber os representantes indígenas que têm solicitado audiências para resolver pendências territoriais”.
“Tais crimes, contanto ainda com atentados, ameaças, tortura e agressões ocorridas por todo país contra essas populações, têm acontecido na esteira de discursos racistas e ações ditadas pelo governo federal contra os direitos indígenas. O presidente Jair Bolsonaro tem dito e repetido, em vários espaços de repercussão nacional e internacional, que nenhum milímetro de terra indígena será demarcado em seu governo, que os povos indígenas teriam muita terra e que atrapalham o ‘progresso’ no Brasil”, diz a nota.