Argentinos protestaram contra a submissão de Macri ao FMI. Novo governo, com Fernandez tem destacado que não paga a dívida mantendo argentinos na pobreza

Governo da Argentina confirmou que chegou a um acordo para a reestruturação da dívida de US$ 66,3 bilhões de dólares com os três principais grupos de credores estrangeiros que resistiam a aceitar as propostas feitas por ele em várias oportunidades. O país acumulou esse passivo principalmente durante o governo de Mauricio Macri.

O Ministério da Economia informou em comunicado, na terça-feira (4), que “A República Argentina e os representantes do Grupo Ad Hoc de Credores Argentinos, o Comitê de Credores da Argentina e o Grupo de Credores, além de outros credores, chegaram hoje a um acordo que lhes permitirá apoiar a proposta de reestruturação da dívida e conceder à Argentina um alívio de dívida significativo”.

“A Argentina ajustará algumas datas de pagamento contempladas nos novos títulos, mas sem aumentar o montante total dos pagamentos de capital ou de juros, melhorando, ao mesmo tempo, o valor da proposta”, esclareceu o comunicado. O valor exato com o que se fecharia a reestruturação deve ser divulgado ainda nesta semana.

No dia 6 de julho, o governo de Alberto Fernández fez a quarta oferta aos credores, depois de três anteriores que foram rejeitadas. As diferencias monetárias entre o que a equipe econômica tinha oferecido na última proposta enviada à SEC –comissão de valores dos Estados Unidos- e o que pediram os credores em sua contraproposta era de 3 centavos por dólar. Pela proposta argentina, o país reconheceria US$ 53,50 de cada US$ 100. Os credores pediam cerca de 56,5 dólares. Os observadores avaliam que o acordo será por um valor de pouco mais de 54.

“A cifra resulta insignificante para os fundos de investimento. Trata-se de montantes que não justificam em termos econômicos ter que avançar em um julgamento de default contra o país. BlackRock – um dos credores – mexe com investimentos no mundo por 7 trilhões de dólares. Os 2 bilhões de dólares extra reclamados à Argentina não representam nem 0,1% desses ativos globais”, assinala artigo do jornal Página 12 sobre a ação predatória dos fundos especulativos com que o ex-presidente Mauricio Macri fazia ‘negócios’.

“Por este motivo há semanas que os analistas financeiros mencionam que o comportamento dos fundos Ad Hoc, Exchange e ACC – os principais credores do país – foi absolutamente irracional travando a negociação”, acrescenta, mostrando que o objetivo não parecia ser resolver a dívida e sim impedir que o país normalizasse sua situação financeira.

Com o quadro de crise deixado pelo governo anterior, e agravado pela pandemia de Covid-19, cerca de 20% dos credores aceitaram a proposta em maio e os três grupos de investidores rejeitaram a oferta. Economistas como os prêmios Nobel, Joseph Stiglitz e Edmund Phelps na época declararam que os credores deviam concordar com o plano já que – diante do quadro argentino – não há mais margem para propostas.

“Quando chegamos ao governo (em 10 de dezembro de 2019), a Argentina estava em terapia intensiva e com um respirador automático. Chegou a pandemia e desconectou o respirador automático e assim enfrentamos a situação que enfrentamos”, descreveu Fernández o quadro que atravessa o país e a sua decisão de não recuar na oferta. E frisou: “A Argentina sofre uma paralisia da economia que nos últimos quatro anos se aprofundou de um modo muito perigoso, mais de 34 mil empresas fecharam. O desemprego e a pobreza se converteram em um problema social. Temos que investir em um modelo econômico que produza, que crie empregos”.