Unidade de hidrotratamento de diesel da Refinaria Landulpho Alves - RLAM

A direção da Petrobrás divulgou na quarta-feira (3 de julho) que deu início ao processo de privatização da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás. Conforme o prospecto preliminar da entrega de ações, o governo pretende reduzir a participação da Petrobrás em 25% a 33,75% do capital social da subsidiária – “a depender do exercício do lote adicional e do lote suplementar”, informou a direção. Quer dizer, que pode ser ainda maior.
Considerada a “joia da coroa” da Petrobrás por especialistas, a BR Distribuidora é a maior distribuidora de combustíveis do Brasil. A companhia conta com uma rede de 7.703 mil postos de gasolina, 95 unidades operacionais e atuação em 99 aeroportos. Além disso, a estatal é a distribuidora líder nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.
“A BR Distribuidora é a segunda maior empresa brasileira. Ela dá lucro. Vendê-la, assim como vender outras subsidiárias rentáveis da Petrobrás, significa prejudicar a situação financeira e o caixa da estatal”, afirma Fernando Siqueira, diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET). “O que eles querem, ao vender as subsidiárias, é estrangular o caixa da Petrobrás para justificar sua privatização”, denuncia.
“Além do mais”, destaca Fernando, “é a BR que leva combustível para a Amazônia. As outras não levam, porque não é rentável fazê-lo”.
Hoje, a Petrobrás detém 71,25% das ações da BR Distribuidora. Em dezembro do ano 2017, a direção da Petrobrás, sob o comado de Pedro Parente, abriu o capital da BR Distribuidora, que até então era 100% pública. Naquele ano, o lucro da subsidiária foi de R$ 1,15 bilhões.
Na ocasião, foram vendidas 334,9 milhões de ações (28,75% do capital), que foram distribuídas na sua maioria entre investidores e fundos especulativos estrangeiros, como Lazard Asset Management LLC (5,77%), JPMorgan Chase & Co (1,79%), Norges Bank (1,29%), BlackRock (1,19%), Vanguard Group (1,02%) e Outros (17,69%) – Fonte: Bloomberg.
Pela proposta da atual gestão da Petrobrás serão ofertadas ao mercado 291,25 milhões de ações, além de cerca de 43,687 milhões de ações no lote suplementar e de 58,25 milhões no lote adicional. Com isso, a participação da Petrobrás na BR deve sair dos atuais 71% para cerca de 40%, passando assim o controle da companhia para a iniciativa privada, de preferência a estrangeiros. Com base no preço dos títulos em 1° de julho, o governo estima arrecadar de sete a nove bilhões.
O objetivo do atual presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, é de dar continuidade ao processo de privatização da BR, através do programa de “desinvestimentos” proposto à Petrobrás, que vem ocorrendo nos últimos governos de Dilma e Temer, e que está sendo intensificado no governo Bolsonaro.
A direção da Petrobrás também divulgou que dará início à venda total de participações da Petrobrás em 14 concessões de exploração e produção terrestres, localizadas no estado da Bahia, denominadas conjuntamente de Polo Recôncavo. Além disto, a empresa Raízen, controlada pela Shell, pretende entrar na disputa pelas refinarias postas à venda pela direção, assim como espera abocanhar a BR Distribuidora.