Bolsonaro assinou, na terça-feira (11), um decreto que exclui os governadores do Amazonas, Pará, Amapá, Roraima, Rondônia, Acre e Tocantins, além de Mato Grosso e Maranhão do Conselho Nacional da Amazônia Legal.
Também pelo decreto, o órgão foi transferido do Ministério do Meio Ambiente, chefiado por Ricardo Salles, para a Vice-presidência, de Hamilton Mourão.
Os governadores da Região protestaram contra o ato de Bolsonaro.
O governador do Amapá e presidente do Consórcio de Estados da Amazônia Legal, Waldez Góes, lamentou a ação e classificou como “retrocesso” o decreto de Bolsonaro.
“O momento seria de fortalecimento dos órgãos de fiscalização e controle que atuam na Amazônia, sobretudo com geração de oportunidades e defesa dos direitos dos povos da floresta. Dessa forma, a visão do governo federal caminha para ser ‘Mais Brasília e menos Amazônia’”, disse Góes.
Para o governador, os instrumentos de defesa da Amazônia “estão esvaziados”. “Poucos técnicos, pouca tecnologia, poucas condições de trabalho. É preciso rever tudo isso, e, logicamente, Brasília, sem ouvir os amazônicos, não acertará a mão”, continuou.
“Precisamos andar juntos para enfrentar os desafios amazônicos e garantir mais dignidade e inclusão para nossa população”, concluiu.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também criticou a medida de Bolsonaro, afirmando que o governo “perde a oportunidade de ouvir a sociedade, os estados e liderar um processo que seria muito mais rico se fosse participativo”.
Durante a cerimônia em que assinou o decreto, Bolsonaro voltou a atacar os indígenas e disse que o tamanho das suas terras demarcadas é “abusivo” e reclamou que “não pode passar por cima da reserva” para escoamento de produtos.
“Foi deflagrada uma verdadeira indústria das demarcações de terras indígenas”, continuou sua afronta contra os povos da floresta.
Bolsonaro já chegou a admitir que quer trazer empresas estrangeiras, principalmente norte-americanas, para explorar os minérios das terras indígenas, na época em que tentou emplacar seu filho Eduardo Bolsonaro como embaixador nos Estados Unidos.
“Terra riquíssima [reserva indígena Ianomâmi]. Se junta com a Raposa Serra do Sol, é um absurdo o que temos de minerais ali. Estou procurando o ‘primeiro mundo’ para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso, a minha aproximação com os Estados Unidos. Por isso, eu quero uma pessoa de confiança minha na embaixada dos EUA”, afirmou na época.