O ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, General Santos Cruz, fez duras críticas à gestão de Jair Bolsonaro, principalmente no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia do coronavírus. Ele falou no fim de semana à jornalista Andréia Sadi, da TV Globo.

“Desde o início, o governo não soube administrar a situação. É uma crise que se caracterizou por xingamento e cloroquina”, observou. “Politização de medicamento, isso não tem cabimento”, disse ele, sobre a discussão em torno da vacina. “Vacina não

foi feita para você se reeleger ou para seu oponente não se eleger, para fazer briga política”, argumentou o general.

“Você não pode politizar uma vacina, vacina é para benefício de toda a população, para nós, para nossos filhos, nossos parentes, os nossos amigos, para a população inteira. Então, é uma coisa que não pode ser politizada. Infelizmente foi politizada, a ponto de se dizer que tinha ganho [referência ao episódio da morte de um participante das pesquisas]”. “Ninguém ganhou nada”, repetiu. “São milhares de mortes e ninguém está ganhando nada”, enfatizou o general.

“Uma crise dessas é para a autoridade exercer sua total liderança e sair fortalecida. Isso não aconteceu”, prosseguiu Santos Cruz. Perguntado sobre a presença de um general na ativa no comando do Mistério da Saúde, ele destacou que “a crise não é só do Ministério da Saúde, mas do governo como um todo”.

Acrescentou, ainda, que acha negativa a grande presença de militares, na reserva e na ativa, em cargos do alto escalão do governo, “porque isso causa na população a percepção de que há um vínculo institucional entre as forças armadas e o governo, ainda que não haja”, segundo ele.

Para o general, Bolsonaro faz parte de um “pequeno grupo de extremistas” e não soube conduzir a crise em meio à pandemia de Covid-19”. “O que ocorreu foi a chegada de um pequeno grupo de extremistas, que passaram a utilizar as piores práticas possíveis”, apontou Santos Cruz. “(Você tem) esse pequeno grupo aprofundando a divisão da sociedade para manipular a sociedade brasileira. Você tem o ataque às pessoas e não às ideias. Você tem a destruição de reputações”, afirmou o general.

Ele caracterizou de “fanfarronice” o que Bolsonaro disse sobre a eleição de Joe Biden para a Presidência dos Estados Unidos. Santos Cruz se referia à frase de que, se acabasse a saliva, “tem que ter pólvora”. Para Santos Cruz, a fala de Bolsonaro após a reeleição de Biden mostra “fanfarronice” e “devaneio”. A declaração foi sobre as conversas relacionadas à Amazônia que ocorriam à época.

Sobre as eleições de 2022, Santos Cruz deixou em aberto um possível apoio ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, caso ele seja candidato nas eleições de 2022. O general elogiou o ex-colega, dizendo que ficará marcado na história do país.

“Eu acho que ele (Moro) é uma personalidade que, sem dúvida nenhuma, trouxe esperança e pode representar uma corrente forte na próxima eleição” disse. Ele também deixou ainda aberta a possibilidade dele próprio concorrer a um cargo nas próximas eleições, apesar de dizer que não se entusiasma com a ideia, no momento.