Manifestação de trabalhadores de limpeza urbana em frente à Prefeitura de São Paulo. Foto Siemarco

Os cerca de 17.500 trabalhadores da limpeza urbana da cidade de São Paulo cobram da Prefeitura, desde dezembro do ano passado, a vacinação da categoria contra a Covid-19.

Trabalhadores da limpeza urbana de São Paulo entraram em greve nesta terça-feira (8), paralisando serviços de varrição e coleta de lixo. A categoria reivindica inclusão entre os grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19 na capital. Em frente à prefeitura de São Paulo, o grupo reivindicou prioridade na fila do imunizante contra o novo coronavírus.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo (Siemaco), foram feitos vários contatos com os governos de Ricardo Nunes (MDB), na prefeitura, de João Doria (PSDB), no executivo estadual, e com a Câmara Municipal, mas os trabalhadores não obtiveram resposta.

Cerca de 60% dos garis são negros. Pesquisa do LabCidade revelou que a maioria da população priorizada pela vacinação é branca de bairros centrais de classe média. Desde o início da pandemia, no entanto, se reconhece que os trabalhadores dos “serviços essenciais”, de maioria negra, periférica e de baixa renda, são os mais atingidos pelo contágio.

O Siemarco estima que cerca de 2 mil funcionários foram infectados pela Covid-19 e pelo menos 50 morreram em decorrência da doença.

Segundo o sindicato, cerca de 17 mil trabalhadores da limpeza urbana aderiram à greve. Com isso, de acordo com o sindicato, 18 toneladas de lixo deixaram de ser recolhidas na capital paulista.

Os serviços de limpeza urbana em greve incluem garis, varredores e motoristas de caminhões de coleta. Vários bairros da capital já estão sendo afetados pela falta de coleta de lixo.

Em vez de dialogar, a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) anunciou que vai tomar medidas judiciais contra os trabalhadores por paralisar um serviço considerado essencial. “Por se tratar de um serviço essencial, foi desrespeitada a lei geral de greve, que determina em seu artigo 13 a comunicação com 72 horas de antecedência para qualquer paralisação, além da exigência de que mantenha em operação equipes necessárias para atender a população, conforme o artigo 11 da mesma lei”, diz.

Em nota, os garis em greve afirmam que ignorar as reivindicações da categoria por inclusão na vacinação contra a covid-19 é “uma demonstração de descaso”. “A medida enérgica é a única forma encontrada para chamar a atenção e obter apoio da população e das autoridades para a vacinação imediata das categorias”, complementam.

Tanto o governo de Ricardo Nunes como o governo Doria alegaram que a vacinação contra a covid-19 segue os grupos prioritários definidos no Plano Nacional de Imunização. E segundo prefeito e governador, o plano não inclui os garis e demais trabalhadores da limpeza urbana.

Por Cezar Xavier