O presidente israelense, Reuven Rivlin, recebeu, na segunda-feira, na casa presidencial, o opositor Benny Gantz, entregando-lhe a solicitação oficial para que forme o novo governo de Israel.

O ato aconteceu duas semanas depois do atual premiê, indiciado por suborno, fraude e quebra de confiança, Bibi Netanyahu e seus seguidores terem comemorado a vitória nas eleições.

Netanyahu tinha, somados os votos do seu partido, Likud aos demais deputados de listas ultra-direitistas conseguido reunir 58 votos; enquanto que o bloco dos que apoiavam, até ali, ao opositor, Gantz, tinham reunido 55 deputados.

Ocorre que apesar do resultado aparentemente vantajoso, nem Bibi, nem Gantz tinham os mais de 60 deputados de apoio para reivindicar maioria no parlamento, Knesset, condição para formar governo majoritário.

No decorrer da semana, os 15 deputados da Lista Árabe Conjunta, foram ao presidente Rivlin e declararam seu apoio a Gantz.

Além disso, teve fim a neutralidade, mantida desde o início do processo eleitoral, pelo partido Ysrael Beiteinu (Israel Nossa Casa) – Israel teve agora a sua terceira eleição sem que se conseguisse formar governo.

Depois da primeira sessão de julgamento de Netanyahu, prevista para hoje, dia 17, em Jerusalém, ter sido suspensa por iniciativa do ministro da Justiça de seu gabinete, alegando “prevenção” contra o coronavírus, o líder do partido Ysrael Beiteinu, Avigdor Lieberman, que, como todo Israel, viu na medida uma proteção à desonestidade de Netanyahu, uma vez que se tratava de uma audiência e não de uma reunião plenária, saiu da neutralidade e declarou, oficialmente, apoio a Gantz e levou a declaração ao presidente de Israel.

Com essa mudança, Gantz passou a reunir 61 apoios.

Não chegou aos 62 porque houve um defecção entre os que participaram do pleito nas fileiras de Gantz:  a deputada do partido Ponte, Orly Abekassis, em um gesto racista, disse que não apoiaria Gantz e o motivo alegado é que ele forma maioria com apoio dos árabes, como se estes não fossem cidadãos eleitores e elegíveis.

Até agora não se sabe o que aconteceu nos bastidores para esta mudança, pois ela própria já havia apoiado antes um governo com este formato.

Isto posto, resta uma tensa jornada até que a maioria que Gantz reuniu se expresse em um governo votado no Knesset.

Seria o primeiro ministério sem que o noivo de Bolsonaro (como ele mesmo gosta de dizer) esteja na cabeça, em mais de 14 anos.

Vamos acompanhar.

Gantz já deu uma sinalização importante de mudança de postura (depois de Netanyahu ter dito que não participaria de um governo apoiado pelos árabes, pois estes seriam os apoiadores do terrorismo, quando se sabe que terror aberto e condenado internacionalmente quem pratica é o Estado de Israel).

Ao receber a incumbência de formar o novo ministério, das mãos do presidente Rivlin, Gantz fez um pronunciamento no qual rendeu homenagem aos “doutores e enfermeiras, judeus e árabes, que se colocam, juntos, unidos como uma só força”, na luta contra o coronavírus. Adiante, Gantz prometeu “governar para todos os israelenses” e repetiu: “Enfatizo, todos os israelenses”.