Blue and White party chairman Benny Gantz and Israel Beytenu party chairman Avigdor Liberman give a joint statement to the media after a meeting for negotiations toward building anew government, at the Kfar Maccabia Hotel in Ramat Gan, on November 14, 2019. Photo by Avshalom Sassoni/Flash90 *** Local Caption *** ישראל ביתנו פגישה פגישת משא ומתן בחירות מנדט ממשלה קואליציה אחדות ממשלת כחול לבן בני גנץ

Benny Gantz, que lidera a lista Azul e Branco (Kahol-Lavan), encabeça negociações com outras três listas: a formada pelo bloco Ponte-Trabalho-Energia (Gesher-Avodah-Meretz), a do partido Israel Nossa Casa (Ysrael Beiteinu) e Lista Conjunta (Reshimah Meshutefet – em hebraico – e al-Qa’imah al-Mushtarikah –nome árabe majoritariamente árabe) no sentido de formarem um governo de ampla coalizão juntamente com o afastamento de Bibi Netanyahu.

Segundo os jornais israelenses, Jerusalem Post e Haaretz, essas quatro formações políticas, que se apresentaram com diversas divergências ao pleito, mas como um ponto de unidade: declararam abertamente que não integrariam um governo encabeçado pelo corrupto Netanyahu, a menos de 10 dias de sentar no banco dos réus uma vez que indiciado por fraude, suborno e quebra de confiança, estão em negociações que pode desembocar em um governo de coalizão.

Essas coalizões obtiveram, em conjunto 2.330.000 votos e elegeram 62 deputados ao Knesset, parlamento israelense, enquanto as forças que apoiam um governo encabeçado por Netanyahu ficaram com 2.200.000 deputados e elegeram 58.

Netanyahu chegou a cantar vitória quando, com 85% dos votos apurados, seu bloco estava com 59 cadeiras e alguma sobra, podendo chegar a obter 60 deputados, exatamente a metade do parlamento. Por outro lado, o bloco que até ali apoiava o opositor Benny Gantz, que terminara a eleição anterior com 57 deputados, surgia agora com 54 cadeiras e o partido Israel Nossa Casa ficaria com algo entre 7 e 6 deputados. Até aquela altura, bastaria uma defecção no bloco opositor e Netanyahu estaria à frente de mais um mandato.

Mas a festa durou um dia apenas e foi logo substituída pelo desespero.

Ao final da contagem dos votos o parlamento israelense ficou distribuído da seguinte forma: bloco de Gantz, 55 votos, bloco de Netanyahu 58 votos e Israel Nossa Casa (Ysrael Beitenu) 7 votos. Ou seja, apesar de ter havido um deslocamento proporcional de votos favorecendo Netanyahu, a questão é que nem Gantz, nem Netanyahu estariam em condições de formar governo (que em Israel exige a maioria dos parlamentares, 61 votos a favor, podendo ser consideradas abstenções como permissão a formar gabinete de minoria).

Acontece que o dirigente do Ysrael Beitenu reiterou que não apoiaria um governo encabeçado por Netanyahu e uma das deputadas que se elegeu pelo bloco de Gantz e o Likud e a imprensa apontavam entre os potenciais elementos de defecção, Omer Yankelevich (a quem chantageavam abertamente prometendo divulgar vídeos comprometedores), já declarou que se mantém fiel ao Azul e Branco de Gantz.

Nos dias seguintes o desespero aumentou, pois Lieberman iniciou negociações com Gantz para a formação de uma ampla coalizão que pode vir a tomar duas posições: 1 – Compor um bloco de 62 deputados para indicar Gantz e 2 – Aprovar uma lei que proíbe um deputado indiciado de encabeçar governo israelense.

Foi o suficiente para Netanyahu dar mais uma coletiva dizendo que vencera por larga margem a eleição, uma vez que “entre os judeus sionistas” obteve 58 cadeiras contra 47 da oposição. Para fazer essa contabilidade apresentou mais um argumento racista: os árabes israelenses “estão fora da equação” pois, em vez de apoiarem Israel como “Estado Judeu”, “apoiam os terroristas”.

Com esta declaração mostrou que, para se manter no poder a todo custo, está disposto a rifar o voto legítimo de 581.000 cidadãos, inclusive 20.000 judeus que apoiaram a Lista Conjunta (de predominância árabe) e que cresceu de uma bancada de 10 parlamentares antes do atual processo eleitoral, para 13 na segunda rodada eleitoral e agora elegeram 15 parlamentares, em um crescimento de 50% em termos de bancada.

No momento em que concluímos esta matéria, a situação em Israel pode ter dois desdobramentos: um governo de coalizão sem Netanyahu ou a convocação de uma quarta rodada eleitoral uma vez que nem ele, nem Gantz consigam formar maioria suficiente para governar, como aconteceu após a segunda rodada.

Lieberman, em nome do seu partido apresentou as seguintes exigências: mínimo de 70% do salário mínimo para todos os aposentados e pensionistas; abertura para transporte aos sábados e abertura de lojas neste dia; extensão do alistamento militar aos estudantes das escolas religiosas ortodoxas e permissão para os rabinatos municipais de realizar conversões ao judaísmo.

Gantz informou, no domingo, que aceitava todas as condições: “Aceitamos as propostas de Lieberman e vamos em frente”.

Resta fechar o apoio da Lista Conjunta, composta por partidos árabes e comunistas, que se reuniam, também no domingo, e decidiram que seus 15 deputados marcharão em decisão conjunta e que esperam o pedido oficial de apoio por parte de Gantz.

As demandas apresentadas durante a eleição e que levaram ao crescimento da bancada majoritariamente árabe-israelense são: melhoria nos orçamentos para favorecer a igualdade entre os cidadãos das aldeias e cidades árabes; compromisso com uma negociação de paz entre Israel e Palestina e fim da chamada Lei da Nação (que os árabes denominam de Lei do Apartheid) e que coloca os cidadãos árabes oficialmente como de segunda categoria.

Bastaram estes tímidos avanços para que os fascistas israelenses mostrassem sua disposição a recursos a qualquer crime para manter o status exclusivista de supremacia judaica sobre os palestinos e sobre a população árabe local.

A segurança em torno de Gantz foi ampliada depois que ele declarou publicamente que um homem tentou agredi-lo no sábado à noite, quando se dirigia a uma das negociações para formar governo de coalizão e que, em postagens na internet elementos ameaçaram: “Vamos matar Gantz na Praça Rabin e enterrá-lo ao lado do túmulo de Rabin (o então premiê Yitzhak Rabin foi assassinado ao sair de um comício em Tel Aviv, quando diante de 500 mil pessoas reafirmou seu compromisso com o processo de paz com os palestinos).

“Netanyahu, seu regime violou todas as normas. Quando fica claro que venci e podemos formar governo, vamos fazê-lo antes que você mergulhe o país em uma guerra civil”, afirmou Gantz e instou o indiciado premiê a parar “com o incitamento que está trazendo o medo a todos os ambientes do país”.