Manifestantes se reuniram na Piazza Bocca della Verita em Roma

No momento em que se realizava a cúpula do G20, trabalhadores, estudantes e imigrantes chegaram a Roma de diferentes partes da Itália portando cartazes e faixas e entoando frases contra a situação crítica do meio ambiente e os problemas sociais, segundo os manifestantes, provocados pelos sistemas dominantes nos países mais ricos.

Questões como a quebra das patentes das vacinas contra a Covid-19 e as mudanças climáticas estiveram na ordem do dia do protesto que reuniu milhares de pessoas na capital italiana em defesa dos direitos humanos e conquistas trabalhistas no sábado (30). Entre as faixas, se destacaram as com dizeres como “A vocês, o G20; a nós, o futuro” e “Vocês são a doença, nós somos a cura”.

Um caminhão de som puxou o protesto convocado pelo sindicato COBAS, pelos movimentos sociais e trabalhadores da Alitalia (companhia aérea em processo de venda desde agosto deste ano), além da empresa de eletrodomésticos Whirlpool que tem a fábrica ocupada pelos trabalhadores.

Foram denunciados ataques a questões fundamentais para a qualidade de vida da população como o trabalho em condição análoga à escravidão, o ataque ao direito à greve, à educação pública de qualidade e ainda repudiadas as condições precárias dos imigrantes.

Uma das organizadoras da manifestação, Monica Di Sisto, assinalou: “Procuramos mostrar que precisamos de outro futuro. Como diz a Greta Thunberg [ativista ambiental], quando os poderosos falam de clima, é um blá blá blá contínuo. Queremos dizer que precisamos inverter a direção”.

Esta foi a maior e mais relevante manifestação organizada em Roma por ocasião do G20. Centenas de policiais estavam de prontidão em pontos estratégicos. As forças de segurança italianas implantaram um plano de segurança máxima para a reunião, fechando ruas e estações de metrô.

Segundo a manifestante brasileira Ivanilde Carvalho, que mora em Roma, a preocupação de quem vive no exterior é a mesma de quem está no Brasil. “Temos família, nos preocupamos como a nossa gente, com nossos indígenas, com a população quilombola e com os ribeirinhos. Nós precisamos falar e sensibilizar a população no exterior sobre o que está acontecendo em nosso país”, disse.

“Não temos um planeta B, somos nós os hóspedes. Sobre o que houve em Manaus, com as pessoas procurando ossos para comer, não podemos nos calar. Fora Bolsonaro!”, assinalou a brasileira.

Outro protesto foi convocado pelo Partido Comunista, que reuniu centenas de pessoas na Praça de São João de Latrão, em Roma, contra a política do governo italiano de Mario Draghi.

Damiano Pdedace, integrante do movimento popular italiano La Comune, frisou que “é a época de decadência, em que as sociedades são cada vez mais desagregadas, fechadas em seus muros, os poderosos estão com as mãos sujas de sangue”. Ainda segundo ele, “é necessário construir uma alternativa de valores”.

A cúpula do G20 foi encerrada no domingo (31) após 48 horas de encontro. De Roma, a maior parte dos líderes seguiu diretamente para Glasgow, na Escócia, para participar da Conferência sobre o Clima das Nações Unidas, a COP 26. Bolsonaro não vai participar do encontro, segundo o governo brasileiro, por “motivo de agenda”.