Frias usou R$ 78 mil dos cofres públicos para ver lutador nos EUA
O secretário Especial de Cultura, Mario Frias, que sempre atacou o que ele chama de “mamata” da Lei Rouanet, e seu secretário-adjunto de Cultura, Hélio Ferraz de Oliveira, gastaram R$ 78 mil dos cofres públicos para fazer uma viagem de última hora até Nova Iorque para conhecer a “ideia” do lutador aposentado de jiu-jitsu, Renzo Gracie, para a produção de um filme.
A viagem ocorreu entre os dias 14 e 19 de dezembro. Frias voou em classe executiva. Só as passagens aéreas custaram R$ 26 mil. O secretário de Cultura recebeu R$ 12,8 mil em diárias. No governo Bolsonaro, a chamada “mamata” segue prestigiada, ousada e vultosa.
A viagem de Frias e parte dos gastos dele foram divulgados pela coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, nesta quinta-feira (10). Segundo o jornalista, a viagem teve caráter “urgente”, para discutir assuntos culturais com Renzo Gracie, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Muito “relevante”.
A prática do atual governo é o que se pode chamar de “moralismo de goela”. Ou seja, faz discurso moralista para fora, mas pratica os desvios mais graves que se se possa imaginar. Talvez o exemplo mais grave disso seja os gastos vultosos e sem nenhum controle ou transparência do cartão corporativo de Bolsonaro.
Na semana passada, o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu abrir processo para investigar os gastos do presidente da República com cartões corporativos. A decisão de instaurar inquérito foi tomada após denúncias de que o chefe do Executivo teria gasto, desde 2019, aproximadamente R$ 30 milhões com os cartões.
Frias “foi convidado pelo senhor Renzo Gracie para apresentar um projeto cultural envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte”, segundo consta no Portal da Transparência no pedido de diárias que fez o secretário.
Segundo a Folha de S.Paulo, Frias foi para os Estados Unidos acompanhado do secretário-adjunto de Cultura, Hélio Ferraz de Oliveira, que gastou outros R$ 39 mil.
Renzo Gracie, estrela da luta internacional da família de mesmo nome, tem escola de jiu-jítsu em Nova Iorque onde já treinaram celebridades como o ator Keanu Reeves e o cineasta Guy Ritchie, ex-marido de Madonna.
Gracie acaba de ser biografado pelo ex-secretário federal da Cultura, Roberto Alvim, demitido por fazer vídeo em que fez apologia do nazismo. “Renzo Gracie: Uma Vida Heroica” vai ser lançado no próximo dia 14 pela editora Auster.
Na última terça-feira (8) a Secretaria Especial de Cultura publicou instrução normativa que instituiu série de novas regras para a execução da Lei Rouanet, de incentivo cultural.
Entre os destaques está a redução de 93,4% no cachê de artistas que se apresentam sozinhos e o corte no valor que pode ser arrecadado por empresas.
O cachê máximo para artista individual era de R$ 45 mil. Agora, o teto do valor é de R$ 3 mil. Maestros podem receber até R$ 15 mil, enquanto os músicos da orquestra teriam remuneração de até R$ 3,5 mil.
Com as modificações, o valor máximo permitido por projeto para captação foi reduzido de R$ 10 milhões para R$ 6 milhões, no caso de empresas. Ações para restauração de patrimônio tombado são exceções.