Portuários em greve bloqueiam o porto de Marselha - Daily Trust

A França entrou nesta segunda-feira (16) no 12° dia de greve contra o massacre do governo Emmanuel Macron à Previdência, um projeto neoliberal que aumenta em dois anos o período de trabalho para o direito à aposentadoria e achata o valor das pensões.

“A greve continua e lamentamos porque não havíamos previsto desta maneira. Percebemos que o governo não dá o braço a torcer e isto vai durar algum tempo. Não haverá trégua de Natal, exceto se o governo encontrar a razão”, afirmou o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários da Confederação Geral do Trabalho, CGT, Laurent Brun, à rádio France Info.

Cinicamente, o governo manteve na última semana a brutalidade dos ataques a conquistas previdenciárias históricas, mas pediu uma “trégua” aos trabalhadores na semana do Natal. Nenhuma palavra sobre a indecente redução de direitos de 42 categorias, sob a adoção de medidas que igualam serviços com alto nível de periculosidade ou toxidade aos de escritório, achatando aposentadorias e pensões.

O governo exige que os grevistas façam uma pausa durante o Natal e o Ano Novo, mas os sindicatos responderam que só vão voltar a trabalhar quando o governo voltar atrás das medidas que pretende tomar.  “Se o governo retirar seu projeto e passarmos a discutir seriamente sobre como melhorar o sistema (…) tudo ficará bem. Caso contrário, os grevistas decidirão o que fazer quinta-feira, 19, ou sexta-feira, 20”, declarou Philippe Martinez, secretário geral da CGT.

Neste momento, o principal foco de tensão está precisamente concentrado na Rede Ferroviária francesa (SNCF), que responde na época do Natal pela circulação de cerca de 5.700 trens de longa distância (internacionais e regionais) e as férias de final de ano começam a partir do próximo sábado (21).

Tentando oportunisticamente diminuir a pressão e fazer com que os ferroviários deem “uma pausa” agora, para voltar sem direitos depois, o presidente da SNCF, Jean-Pierre Faradou, recebeu um sonoro não dos trabalhadores, que responsabilizaram o governo pela dramática situação. Macron se mantém intransigente e tenta dourar a pílula chamando o assalto às pensões e aposentadorias de “reforma histórica”.

O setor de transportes espelha hoje a determinação dos trabalhadores franceses de não permitir que décadas de lutas se transformem em pó e por isso as linhas se encontram paralisadas. Estão circulando em média, apenas 20% dos trens regionais, 25% internacionais e 30% dos suburbanos. No metrô de Paris, nove das 16 linhas estão completamente fechadas, cinco funcionam parcialmente e apenas duas, que são automáticas, circulam normalmente.

Iniciada no dia 5 de dezembro, a greve foi potencializada esta semana com o anúncio dos detalhes do assalto, feito pelo primeiro-ministro Edouard Philipe, o que uniu ainda mais os trabalhadores do sistema público e privado.

Os pormenores do projeto de reforma, detalhados na última quarta-feira (11) por Philippe, acirraram ainda mais a tensão. Os trabalhadores se opõem frontalmente à proposta do governo de aumentar em dois anos a idade para aposentadoria (dos atuais 62 para 64 anos) e arrochar pensões e aposentadorias, mudando o cálculo das mesmas. Exemplo disso, é a situação dos servidores públicos, cuja aposentadoria iguala a dos últimos seis meses no serviço e que o projeto Macron quer mudar para o cálculo da média de todos os anos de serviços contratados, o que levará a um rebaixamento brutal e injustificado.

No dia 12, portuários realizaram uma massiva marcha com a qual bloquearam o porto de Marselha. Uma nova mobilização contra o assalto à Previdência foi convocada para a próxima terça-feira (17).