França proíbe cloroquina e multa empresa que insistiu em usá-la
A entrega de comprimidos de cloroquina a seus funcionários rendeu ao empresário francês, René Pich, um processo por exercício ilegal de profissões médica e farmacêutica.
René que é fundador da SNF, empresa francesa do setor químico, também é acusado de aquisição ilícita de drogas, contrabando e porte de substâncias tóxicas pela entrega destes comprimidos, uma vez que o uso desse produto que não tem efeito contra o vírus, mas provoca vários efeitos colaterais, e está proibido na França.
O réu que, na quinta-feira (3), compareceu por quase seis horas ao tribunal durante o julgamento terá que pagar uma multa de € 50 mil (mais de R$ 300 mil).
Pich, que continua trabalhando na empresa SNF, criada há mais de 40 anos, havia adquirido 1.200 tabletes de comprimidos de cloroquina, produzidos na Índia, através de uma plataforma canadense na internet.
A investigação foi aberta em abril de 2020 após um relatório da Inspetoria do Trabalho na região do Loire, no centro do país, desencadeado por uma nota do empresário informando aos membros da administração da empresa de tratamento de água, sobre a compra de comprimidos de fosfato de cloroquina, que ele colocava à disposição dos funcionários.
No tribunal, ele reconheceu que não deveria tê-lo feito, afirmando, no entanto, sem convencer o Ministério Público ou as partes civis, que tinha encomendado a cloroquina sem saber que se tratava de um produto com utilização restrita e com obrigação de receita médica, “com o fim de salvar vidas, num contexto de escassez da substância”, informou a AFP.
Os advogados do empresário, na tentativa de driblar a condenação, argumentaram que nenhum dos 1.350 funcionários franceses do grupo havia tomado os comprimidos de cloroquina compradas por Pich pela internet.
“Seria difícil para mim ser gerente de recursos humanos da sua empresa, senhor Pich”, ironizou o representante do Ministério Público, André Merle, em relação ao réu, que se encontra em conflito com os sindicatos de trabalhadores há anos na França, desrespeitando seus direitos.
Os sindicatos “cumpriram o papel de denunciantes”, afirmou Sofia Soula-Michal, advogada da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT).
François Dumoulin, da Confederação Geral do Trabalho (CGT), contestou o argumento do “estado de necessidade” apresentado pela defesa do empresário, assinalando que René Pich “pressionou os empregados para que permanecessem no posto de trabalho custe o que custar” durante o primeiro confinamento em 2020.
A França tem sido um dos países mais atingidos pelo coronavírus, sendo atualmente a quarta nação com mais casos confirmados, registrando neste sábado (5) 5.762.637 milhões de infecções, superada apenas pelos Estados Unidos, Brasil e Índia. Estes dados agravam a irresponsabilidade de atitudes como a de René Pich.
Até o momento, mais de 25 milhões de franceses receberam pelo menos uma dose de vacina contra o coronavírus, o que equivale a 48% da população adulta. Destes, apenas 11 milhões receberam ambas as duas doses do imunizador.