França investiga elementos que saudaram Hitler no ato contra vacinas
O Parlamento francês aprovou este domingo (16) o “passe de vacinação” que estabelece importantes restrições aos negacionistas que rejeitam ser imunizados contra a Covid-19, expondo a riscos não só a si próprios, como à sociedade, devido a sua irresponsabilidade.
A decisão de deputados e senadores encontrou oposição barulhenta de organizações de extrema-direita, que agrediram dois jornalistas da AFP em Paris com saudações nazistas e quatro elementos foram presos. Outros atos de protesto ocorreram em cidades como Bordeaux, Toulouse ou Lille, com mais prisões. Batendo palmas e com os braços levantados no estilo nazi, gritavam “Não à vacina” ou “Liberdade para Djokovic” – o tenista sérvio impedido de participar do Aberto da Austrália e expulso daquele país por se negar a imunizar.
Diante das imagens veiculadas pela televisão, o ministro do Interior, Gerald Darmanin, instruiu a polícia da capital a responder frente aos abusos dos defensores do hitlerismo em solo francês, organizada pelo partido de extrema-direita Les Patriotes. “É uma fotografia que choca muito”, condenou.
Até o momento o país já totaliza mais de 14 milhões de infecções registradas e 127 mil óbitos, com a situação se agravando.Aprovada por 215 votos e tendo apenas 58 contrários, a medida encerra duas semanas de intenso debate no parlamento e vários dias de postergação imposta pelos parlamentares antivacina na Assembleia e no Senado, até que ambas as casas lograssem um texto comum.
“Com o passaporte da vacina, a França se dá uma nova ferramenta para proteger seus cidadãos”, disse o ministro da Saúde, Olivier Véran, após a votação, que não pôde participar dos debates dos últimos dias após positivado para a Covid.
Na tentativa de conter a acelerada disseminação da variante ômicron, que vem causando mais de 300 mil infecções por dia, o governo Macron pressiona para que a lei entre em vigor ainda esta semana. A ideia é espalhar a proteção, já que enquanto 31,6 milhões de franceses (92,7% da população) já receberam as três doses, cerca de 4,9 milhões (7,3%) continua prejudicando a si e aos demais.
O texto substitui o passaporte sanitário anterior (vacinas ou teste negativo) por um baseado exclusivamente em vacinas, o que significa que quem se recusar a ser imunizado contra o coronavírus terá o acesso limitado a uma ampla série de atividades.
Vacinação em dia
A partir de agora somente quem estiver com as três doses em dia, ou duas doses com atestado de cura da doença nos últimos seis meses ou contar com uma dispensa médica da vacina, poderá entrar em locais culturais como cinemas, teatros ou museus. O mesmo acontecerá com a entrada nos grandes centros comerciais, bem como em cafés, bares e restaurantes, ou ainda no acesso a transportes públicos de média e longa distância.
A Assembleia Nacional restabeleceu o princípio, que havia sido eliminado pelo Senado, de que empresas dos setores afetados podem solicitar a identidade com foto de pessoas suspeitas de portarem documento que não é seu. As penas também foram aumentadas para quem for pego com passaporte de vacina falso, que pode ser condenado a até cinco anos de prisão e multa de 75 mil euros para quem apresentar documento falsificado.
O novo mecanismo só será aplicado a partir dos 16 anos de idade. Entre os 12 e os 15 anos bastará o passaporte de saúde anterior. Para os menores de 5 a 11 anos a vacina ainda não é obrigatória, mas quando houver desacordo entre os pais sobre a vacinação bastará a vontade de apenas um deles para imunizá-los.
Até agora, o passaporte sanitário previa que, além da vacinação, esses serviços pudessem ser acessados com um teste negativo recente, mas essa opção foi removida.