Foram tornadas públicas na sexta-feira fotos do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, ao
lado dos chefes narcoparamilitares colombianos dos “Los Rastrojos”, John Jairo Durán Contreras, conhecido
como Menor, e Albeiro Lobo Quintero, o Brother.
Ativistas de direitos humanos denunciaram que foi exatamente esta quadrilha quem possibilitou que Guaidó
burlasse a decisão da Justiça venezuelana e atravessasse ilegalmente a fronteira para participar do
fracassado show “Venezuela Aid Live”, realizado com apoio logístico dos Estados Unidos e do presidente
colombiano Iván Duque para arrecadar “ajuda humanitária” ao país vizinho.
“A entrada do senhor Juan Guaidó na Colômbia em 23 de fevereiro foi coordenada com os Rastrojos. Aqui
estão o conhecido como Brother, armado, e o segundo no comando deste grupo paramilitar, conhecido
como Menor”, afirmou Walfredo Cañizares, diretor da Fundação Progresso no departamento colombiano do
Norte de Santander, ao publicar as fotos no Twitter. Ativista de direitos humanos, Cañizares recordou ter
alertado, desde o primeiro dia, sobre a promiscuidade da relação que possibilitou a saída de Guaidó da
Venezuela.
Com base nesta denúncia, o senador Gustavo Petro condenou o vínculo da quadrilha narcoparamilitar com o
pretenso líder venezuelano, recordando que este vestia exatamente a mesma roupa com que aparecia nos
vídeos que mostravam sua chegada à Colômbia.
“Para quem duvida: Duque e Guaidó se aliaram com o narcotráfico para seu ato na fronteira. Senhor Guaidó,
o senhor têm consciência de quem eram os seus aliados na fronteira colombiano-venezuelana? Senhor
Duque, o senhor associará sua política externa com o narcotráfico?”, questionou Petro. Conforme o senador,
a parceria fica evidente, uma vez que “Duque visitou instalações com coquetéis molotov e explosivos
manipulados por grupos pagos pelos traficantes”.
Importante aliado do presidente Hugo Chávez, Petro tem feito contundentes e reiteradas críticas ao governo
de Nicolás Maduro, denunciando seu regime como “ditadura insustentável”.
O flagrante foi rebatido pelo porta-voz de Guaidó, Alberto Ravell, que tentou minimizar o estrago da
revelação, alegando que “todas as pessoas públicas recebem pedidos de fotos”. “Essa gente pediu uma
selfie, ele não sabia quem eram. O presidente Guaidó não pede a carteira de identidade das pessoas para
tirar uma foto com elas. Você acha que se o presidente Guaidó soubesse que são uns paracos [paramilitares]
faria uma foto com eles para que as publicassem depois?”, questionou.
O procurador-geral venezuelano Tarek William Saab anunciou a abertura de uma investigação contra Guaidó
pela “conexão” com a quadrilha e acusou o presidente colombiano de estar envolvido no caso. “O governo
de Iván Duque sabia que esses paramilitares do grupo Los Rastrojos seriam guarda-costas desse cidadão
Guaidó? Podemos assumir que sim”, respondeu.