A reunião do Comitê Central do PCdoB realizadas nos dias 03 e 04 de dezembro também se fez uma análise sobre os resultados eleitorais do partido e os desafios para ampliar a sua inserção social e a missão de contribuir com a reconstrução do país.

Na avaliação dos dirigentes do partido o resultado eleitoral do partido foi importante, mas insuficiente diante dos profundos desafios colocados para a luta política no Brasil.

O PCdoB reelegeu parte importante da atual bancada de deputados e elegeu uma nova deputada, Daiana dos Santos, no Rio Grande do Sul. Ocupa as primeiras suplências nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Ceará, e há reais possibilidades de que parte desses suplentes assumam seus mandados já nos primeiros dias do governo, como é o caso de Orlando Silva e Inácio Arruda. Também há uma ação para conquistar o mandato de Marcivânia, no Amapá. Esses movimentos podem levar o PCdoB a ter uma bancada com 8 a 10 deputados. Além disso, Perpétua Almeida foi a deputada mais votada no Acre, mas a Federação não alcançou o quociente eleitoral. Também no Amazonas, Vanessa foi a segunda mais votada, mas lá também não se atingiu o quociente.

Luciana Santos ressaltou que o resultado eleitoral do partido precisa ser mais profundamente avaliado dentro do cenário de ascenso das forças fascistas, de extrema-direita, que há quatro anos pelo menos elegeram como inimigo preferencial os comunistas. “Os fatores que levam a este resultado são complexos e profundos. Não devemos vê-los de forma superficial, ou achando que temos respostas prontas para estas questões. Há questões relacionadas as lutas sociais e a força das organizações sociais e sindicais que são próprias e que possuem impacto. Os sindicatos perderam recursos financeiros, as empresas públicas diminuíram seus tamanhos, há dificuldades na renovação de lideranças”.

Outro elemento que precisa ser considerado diz respeito às mudanças nos processos de comunicação, “com as particularidades das redes sociais, instrumento central na luta política atual, que subverte a lógica organizativa e valoriza a ação individualizada. Não há coletivo que não se depare com desafios”, ressaltou a presidenta do PCdoB.

“Temos que considerar as circunstâncias. Até 2020 vivíamos sobre o risco iminente de não realizarmos a cláusula de barreira e perderíamos as condições para fazer a luta eleitoral. Isto produziu impactos. É valido destacar que nós enfrentamos estes problemas, com o resultado positivo da aprovação da Lei das Federações. Uma conquista de uma luta de mais de duas décadas. Sem a federação, nossa situação seria muito mais difícil”, afirmou Luciana.

A reunião do Comitê Central apontou a necessidade de se realizar em 2023 um amplo debate para aprofundar a reflexão sobre as profundas mudanças no mundo do trabalho, na classe trabalhadora, os impactos da crise do capitalismo nas lutas sociais, as novas formas de organização e pautas que ganham centralidade na agenda política atual. São muitos desafios que se colocam para que o PCdoB amplie sua presença no movimento social e institucional.

Contribuir com o novo governo e com a frente ampla

O PCdoB tem desde o início dos trabalhos do governo de transição, colocado seus dirigentes e quadros políticos à disposição para contribuir com essa importante etapa de preparação para o novo governo que tomará posse em 1º de janeiro.

As equipes do governo de transição foram nomeadas ao longo de três semanas, em etapas, mas no momento conseguimos garantir uma boa presença do PCdoB num conjunto de Grupos de Trabalho. Das 300 pessoas que compõem os grupos de transição, nós temos a participação de cerca de 30 camaradas, que fomos anunciando à medida que foram incorporados.

Além disso, temos realizado conversas importantes com o coordenador da transição, o vice-presidente Geraldo Alckmin e tivemos uma importante conversa com o presidente Lula.

Reforçamos para Lula as preocupações do PCdoB com os desafios econômicos, a importância de governar em frente ampla e destacamos de igual modo a importância de haver um núcleo de forças mais avançadas/de esquerda que incida nos rumos estratégicos do país.