Formandos do Rio Branco homenageiam diplomata morto na ditadura
Os formandos do Instituto Rio Branco escolheram como patrono da turma o diplomata José Jobim, que foi assassinado pela ditadura em 1979.
Realizada na quarta-feira (1º/9), a formatura não credenciou jornalistas e não teve a presença do presidente da República, o que não é comum. Também não houve transmissão do evento.
Fontes ouvidas pelo Globo e pelo Estadão afirmam que a escolha de José Jobim como patrono causou desconforto dentro do Itamaraty, que entendeu a escolha do diplomata assassinado pela ditadura como uma crítica ao governo Bolsonaro, uma vez que ele já defendeu diversas vezes a ditadura.
Jair Bolsonaro, que já participou presencialmente de duas formaturas do Instituto Rio Branco, desta vez apenas enviou um discurso gravado. A íntegra do discurso ainda não foi divulgada.
Em 2018, o Estado brasileiro reconheceu que o diplomata fora sequestrado, torturado e assassinado.
Jobim tinha trabalhado no Paraguai e afirmou, durante a posse de João Figueiredo, em março de 1979, que iria denunciar, em um livro de memórias, o superfaturamento da obra da Hidrelétrica de Itaipu, construída em conjunto com o Paraguai.
Sete dias depois, no dia 22 de março de 1979, José Jobim conseguiu deixar um bilhete em uma farmácia dizendo que tinha sido sequestrado em seu próprio carro e que seria levado para “logo depois da Ponte da Joatinga”. A dona da farmácia chegou a ligar para a família e contado o caso.
Dois dias depois do sequestro, um gari encontrou seu corpo a um quilômetro da ponte. Ele estava pendurado em uma árvore com corda de náilon no pescoço, mas os pés encostavam no chão e os joelhos estavam dobrados, indicando que não foi suicídio. O caso é parecido com o do jornalista e professor da USP, Vladimir Herzog.