Adalberto Monteiro durante Encontro de Professoras(es) da Escola Nacional, em maio de 2023. Foto Cezar Xavier

O secretário de Formação e Propaganda e presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, apontou os desafios da Escola Nacional de Formação João Amazonas, durante o Encontro de Professoras(es) ocorrido entre 19 e 21 de maio. A Escola completa 20 anos com o desafio de formar uma nova base militante que o PCdoB quer conquistar nesta nova etapa de atuação, em que participa do Governo Lula.

Adalberto reafirmou a estratégia ousada do Partido de ampliar suas bases militantes, mas também apontou a necessidade de elevar a participação comunista na luta de ideias. “Está insuficiente nossa intervenção na sociedade”, ponderou.

Ele considera que o trabalho de Formação e Propaganda é teórico, ideológico, propagandístico e formativo. Mas que toda ação precisa perguntar se serve ao fortalecimento do PCdoB.

Recursos humanos

Com tudo que o sistema de formação e propaganda do Partido construiu, e ele cita a Escola como parte dele, “nosso maior tesouro são os recursos humanos”. Ele citou o corpo docente da escola, lembrando que 200 professores se inscreveram para o encontro. “São quadros comunistas comprometidos com a formação”, afirmou.

Mas ele citou também como preciosidades do Partido e da Escola, seus alunos. “Uma militância comunista sedenta de conhecimento, para se capacitar para servir à revolução. Nossa gana tem que ser a mesma do filme Nenhum a Menos”, disse ele, lembrando o filme chinês de Zhang Yimou, de 1999. Nele, uma garotinha que dá aulas no interior do país, faz de tudo para encontrar um aluno que não voltou mais às aulas.

“Precisamos engajar contribuições militantes para a formação. É preciso saber onde estão estes recursos humanos, agregar e colocar em movimento. Não bastam apenas os nossos, mas intelectuais, universidades e centros de pesquisa, também”, acrescentou. “Temos que ter milhões de amigos progressistas marxistas”, disse, parafraseando a música de Roberto Carlos.

De acordo com o dirigente, conforme o PCdoB cria bases militantes mais amplas, isso terá impactos para a formação. “A Escola precisa ter recursos e instrumentos prontos para ajudar a militância nessa jornada de construir bases militantes”, declarou.

Ele falou do desafio de criar novos cursos para essas bases. Falou-se de cursos mais rápidos e com conceitos básicos para a compreensão de pessoas que não conhecem o marxismo-leninismo e possam interpretar a realidade política. A tecnologia digital pode ser uma grande aliada deste processo.

Êxito do Governo Lula

Qual a prioridade diante de um leque tão grande de desafios para acumular forças para a revolução brasileira? Adalberto considera que, primeiro, é preciso intervir na luta de ideias na jornada pelo êxito do Governo Lula e implementação do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.

“O êxito do Governo Lula é a questão central da nossa tática”, declarou. Para ele, os elos fundamentais disso são a construção de uma maioria, a defensa e ampliação da democracia. “O PCdoB tem que colocar a cara a tapa, dando suas opiniões”, recomendou.

Outras contribuições do Partido têm que ser no sentido de fortalecer o estado e as empresas estratégicas impulsionadoras do desenvolvimento. Atrair investimentos e benefícios estrangeiros para o país e incrementar o investimento privado.

“A luta contra os juros altos precisa chegar na classe trabalhadora. Isto demanda um exercício de politização”, avaliou. 

Adalberto diz que é preciso ter em alta referência, que a gestão da ministra de Ciência Tecnologia e Inovação, a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, eleva o trabalho nesta área para o desenvolvimento do país.

Essa atuação ministerial aproxima o Partido do mundo da ciência, por isso, ele considera importante abrir o canal de diálogo com a comunidade científica. “Temos que dar visibilidade à ministra, suporte teórico aos projetos e apoiar o que está sendo feito lá”, disse.

Outro desafio de propaganda é o confronto da guerra cultural da extrema-direita. Adalberto observou que este é o tema no momento, devido ao debate sobre o Projeto de Lei contra as Fake News, relatado pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). “O Partido está no epicentro de uma batalha muito importante”, considerou.

Ainda neste ambiente de confronto da guerra cultural, Adalberto citou a necessidade do PCdoB abrasileirar mais ainda sua imagem, enfrentando os estigmas comunistas. Ele considera importante combater estigmas e reforçar que o partido comunista é defensor da família, da nação, é democrático, disseminando sua história, valores, legados e política, como identidade.

“A defensiva ideológica dificulta a viabilidade eleitoral do Partido, que é pressionado por sereias que dizem que ele é inviável eleitoralmente”, observou. Adalberto lembrou que, apesar deste canto de sereias, em 2010, o Partido Comunista do Brasil elegeu 15 deputados e 2 senadores. Disse ainda que, em outros países, o partido comunista avança eleitoralmente. Mas evidente que não é tempo para grandes colheitas”, ponderou.

Temas de fronteira

“Os embriões do atual programa do Partido, de 2009, nasceram na escola”, lembrou o jornalista. Para ele, “escola é ambiente de desbravar o novo”, afirmou citando a necessidade de tratar de temas de fronteira, aqueles que ainda têm pouca elaboração teórica a respeito, como a questão da Inteligência Artificial e suas relações com o mercado de trabalho. 

Para isso, ele considera fundamental acionar a tradição marxista da crítica do capitalismo. “Os novos vetores e mudanças da dominação e acumulação desse sistema precisam ser entendidos para uma compreensão do socialismo”, disse.

Dentro desta perspectiva de enfrentar os temas de fronteira e os estigmas, ele considera importante “propagandear como fato inegável”, que a China é um socialismo necessário e viável, embora o tratamento não deva ser de tratar aquela experiência comunista como modelo.

Para Adalberto, a Escola completa duas décadas formando dezenas de milhares de militantes e quadros, numa nova etapa que deve ser comemorada. Para ele, a teoria marxista-leninista moldou a geopolítica do século XX e é um patrimônio curricular da Escola. 

“Essa mesma teoria impulsiona e orienta a construção política e econômica do país credenciado a assumir a hegemonia econômica mundial, que é a China. Uma teoria que orienta um século de lutas desse partido. E orienta no mundo inteiro a luta contra o imperialismo e pelo desenvolvimento soberano”.

Estudos avançados

Adalberto quer avançar na consolidação da Escola como centro de estudos avançados. “Temos que reforçar o Núcleo de Ensino e Pesquisa dos temas de fronteira. O currículo precisa ser enriquecido de maneira continuada. De tempos em tempos, tem um acúmulo que exige atualizar o currículo”, defendeu. 

Ele citou a última vez que o currículo da Escola foi atualizado, em 2016, antes de um golpe parlamentar contra um governo progressista, sucedido por um governo de extrema-direita, além de mudanças e grandes transformações no mundo todo. 

“O currículo garante o caráter da Escola em todo o país. Não por obrigação, mas por força do conteúdo”, disse. E aproveitou para defender o fortalecimento das escolas estaduais e regionais. “A escola é julgada pela qualidade do que ministra e a quantidade de quantos forma. O contribuinte quer saber”, salientou. Adalberto ainda se perguntou quem prioritariamente formar? Para ele, esta definição não pode ser aleatória, mas ter público-alvo definido pelas Secretarias de Formação

Adalberto anunciou a necessidade de reelaborar o audiovisual do Curso do Programa Socialista (CPS), que ele considera defasado. “Temos que apresentar ao 16o. Congresso do Partido o resultado do nosso esforço”, afirmou, citando como meta o evento que ocorrerá em 2024.

(por Cezar Xavier)