Sindicato dos Metalúrgicos do BC

Até o final de julho a Ford vai demitir 750 trabalhadores em São Bernardo do Campo. As demissões são o início dos desligamentos em massa que devem ocorrer até o final de outubro, quando a multinacional encerrará suas atividades na região. Cerca de 2 mil pessoas ainda trabalham na planta do ABC Paulista.
O anúncio do fechamento da unidade foi feito pela multinacional em fevereiro deste ano. Na época, a empresa disse que a decisão era “um importante marco no retorno à lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul”.
Os funcionários que serão demitidos trabalhavam na produção do Fiesta, que saiu de linha no Brasil, e uma parte no setor administrativo. O restante dos funcionários estão na linha de montagem de caminhões, que segue só até outubro.
Greves e mobilizações dos trabalhadores para tentar barrar a decisão da empresa, ou minimizar os seus efeitos, foram lideradas pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC desde o anúncio do fechamento, mas a multinacional, instalada no Brasil desde 1967, foi irredutível.
Uma das questões negociadas pelo sindicato foi a de que o possível interessado na compra da planta se comprometesse a manter os postos de trabalho. Um dos interessados seria a Caoa, mas até agora nenhuma negociação foi confirmada.
Segundo o sindicato e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o fechamento da unidade deve impactar 24 mil trabalhadores em toda a região do ABC, em um verdadeiro efeito cascata entre as empresas do setor, fornecedores, distribuidoras, comerciantes, etc.
Esse efeito já esta acontecendo: a fábrica da Ford de Taubaté (SP) concluiu em junho um Plano de Demissão Voluntária (PDV) de 160 funcionários, além de redução de salários e jornada e, segundo o sindicato, também corre o risco de ter suas atividades encerradas. A unidade, que fabrica, entre outros equipamentos, os motores Sigma e câmbio manual, usados nas montagens do Fiesta e caminhões da Ford de São Bernardo do Campo, já teve que diminuir a sua produção para se adequar ao novo momento.