Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia compõem o Tratado firmado há 30 anos

As forças de paz russas que compunham o contingente da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) no Cazaquistão concluíram o processo de retorno ao seu país no sábado (15), chegando à cidade de Ivanovo, informou o Ministério de Defesa da Rússia.

“Unidades de efetivos russos das Forças Coletivas de Manutenção da Paz da CSTO no Cazaquistão carregaram equipamentos em aviões Il-76 e An-124 e deixaram Almaty”, disse a representação governamental em comunicado.

Uma cerimônia solene de partida – reunindo os soldados que participaram das ações de defesa coletiva contra tentativas de golpe de Estado – ocorreu pela manhã da quinta-feira (13), em Almaty, a principal cidade do Cazaquistão, iniciando o retorno. “As forças da CSTO restabeleceram a ordem e a lei, isso é muito importante”, celebrou o presidente russo Vladimir Putin. “Devemos voltar para casa. Nossa missão foi cumprida”, acrescentou.

O contingente de 2.030 soldados russos, bielorrussos, armênios, tadjiques e quirguizes, foi enviado à ex-república soviética em 6 de janeiro por pedido do presidente Kassym-Jomart Tokayev, após denunciar “um plano de ação cuidadosamente pensado” e que gangues terroristas “receberam treinamento significativo no exterior e seu ataque ao Cazaquistão pode e deve ser considerado um ato de agressão”.

Tokayev reiterou seu agradecimento pelo apoio dado à nação nos últimos dias e enfatizou que a própria presença das forças da CSTO no Cazaquistão, inclusive em Almaty, desempenhou um papel muito importante para alcançar a estabilidade no país.

Considerou que a iniciativa de paz do grupo de ex-países soviéticos teve grande importância psicológica para repelir os ataques de terroristas e bandidos.

Uma cúpula da CSTO por videoconferência saudou o sucesso da missão de estabilização no Cazaquistão, missão pela primeira vez realizada pela organização que constitui um sistema integrado de defesa coletiva, criada há 30 anos, e que congrega ex-países soviéticos – Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia.

O estopim dos acontecimentos foi a duplicação – no Ano Novo – do preço do gás natural liquefeito, usado em veículos. A decisão foi tomada pelo primeiro-ministro Askar Mamin, depois de pôr fim ao subsídio do combustível. Mamin também permitiu ao ‘mercado’ “regular os preços”, através de uma bolsa eletrônica.

Depois que os protestos, iniciados no dia 2 de janeiro na região produtora de petróleo, junto ao Cáspio, se estenderam ao país inteiro, o presidente Tokayev decretou a suspensão do aumento do preço do gás por 180 dias e o congelamento do preço anterior, além de outras medidas de cunho social, e exigiu a renúncia do primeiro-ministro e seu gabinete.

No entanto, as manifestações pacíficas foram sendo suplantadas por atos violentos, com prédios públicos invadidos e alguns queimados, tentativas de tomar estações de televisão a tiros, ocupação de três aeroportos, inclusive o aeroporto internacional de Almanty, maior cidade do país e ex-capital, e pilhagem de lojas e caixas eletrônicos. Automóveis particulares e viaturas policiais queimaram a noite inteira, entre os dias 5 e 6 últimos.

O consenso foi de que a rápida resposta evitou a repetição de uma nova Maidan, agora em Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, que foi tomada pelos saqueadores por dois dias.

As tropas da CSTO regressaram ao país em 10 aviões de transporte e após a aterrissagem do último dos aviões terá lugar uma cerimônia, e logo depois o pessoal partirá para as suas unidades, assinalou o comunicado. “Eventos solenes serão realizados para receber os comandos russos que completaram todas as tarefas com grande profissionalismo”, assinalou o Ministério.