FMI corta previsão de crescimento do PIB do Brasil de 1,5% para 0,3%
O Fundo Monetário Internacional (FMI) derrubou a previsão de crescimento da economia brasileira em 2022 de 1,5%, feita em outubro, para 0,3%, segundo relatório divulgado na terça-feira (25).
Dos 26 países analisados, entre as principais economias avançadas e emergentes do mundo, o Brasil ficou na lanterna. Dentre 15 países que tiveram as projeções revisadas, o país governado por Bolsonaro foi o único a ficar com a taxa abaixo de 1% de crescimento em 2022.
A estimativa se soma a de inúmeras instituições brasileiras, assim como de bancos nacionais e estrangeiros, sobre o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, que, ao contrário de crescimento em “V” do ministro Paulo Guedes, projetam uma economia estagnada ou em recessão.
Além do mais, a inflação desenfreada, por obra e graça de Bolsonaro, e os juros elevados – ambos entre os maiores do mundo – só estão agravando a situação do setor produtivo e dos consumidores, e em plena pandemia.
O FMI apontou a inflação e os juros altos entre as dificuldades para o país crescer. O Banco Central (BC), a pretexto de combater a inflação, aumentou a taxa básica de juros (Selic) de 2% para 9,25% no ano passado.
A inflação não recuou e encerrou o ano no maior patamar desde 2015. A produção industrial ficou no vermelho em nove de onze meses, segundo o IBGE. As vendas do comércio varejista e o setor de serviços também registraram meses de queda, quando muito uma pequena variação positiva. A renda dos brasileiros desabou 11% e o desemprego e o trabalho precário continuam elevados. E o PIB do segundo e do terceiro trimestre resultaram negativos, -0,4% e -0,1%, respectivamente, colocando o Brasil em recessão.
O Brasil fechou o ano com a inflação em alta acumulada de 10,06%. Na carta de explicações sobre a disparada da inflação, Roberto Campos Neto, presidente do BC, sinalizou que vai continuar elevando a taxa Selic este ano.
Ao analisar o documento, o economista José Luis Oreiro afirmou: “a elevação dos juros não resolve nenhum dos problemas, ou nenhuma das causas, que gerou inflação em 2021. Então, a pergunta é, por que o Banco Central está usando o instrumento que não serve para combater as causas que ele, Banco Central, está diagnosticando? Porque só seria de fato útil, você usar a taxa de juros, se você tivesse um problema de inflação de demanda, o que não é o caso. O Banco Central está dizendo claramente que é devido a um choque de oferta e, mais, importado. Então, o que que a política monetária
brasileira pode fazer com o preço do petróleo no mercado internacional? Nada. O que ela pode fazer com as cadeias mundiais de suplemento? Também nada. Nada do que o Banco Central está fazendo atua nas causas da inflação, segundo o próprio Banco Central”.
Além do FMI, na semana passada a ONU estimou um crescimento de apenas 0,5% da economia brasileira para este ano. A terceira pior taxa de expansão real de Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Entre as mais de 170 economias analisadas, o PIB do Brasil só ficará acima do PIB da Guiné Equatorial (-0,6%) e de Mianmar (-0,8%).