O senador Flávio Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, é citado como “interessado” pela organização que comprou o voto do desembargador Diaulas Costa Ribeiro em processo que definiu o controle do PROS.

O Partido Republicano da Ordem Social (PROS) era disputado por dois grupos internos, que foram para a Justiça resolver o caso. Áudios mostram que o grupo que hoje está no controle da legenda entrou em contato com familiares do desembargador Diaulas Costa Ribeiro para negociar a compra de seu voto.

Em um áudio gravado em 2021, Marcus Holanda, que hoje é presidente do PROS, afirma que se reuniu com Karina Kufa, advogada da família Bolsonaro, e com Flávio Bolsonaro para discutir a questão.

Holanda falou que Flávio, que, com o seu pai Jair, estava procurando um partido depois de sair do PSL, tinha “total interesse” no processo que deu o controle do PROS para seu grupo.

“A Karina Kufa me levou na reunião e sentou eu, ela e o Flávio Bolsonaro, então eles têm interesse. (…) Além disso, tem um contrato que assinei lá, absurdo lá, com ela. Então vão ganhar dinheiro e vão ganhar força política e espaço político. Então eles têm interesse, total. Por isso, eles estão com a gente, senão não estariam. E ainda tem a desembargadora federal [não cita o nome], muita gente”, disse o dirigente partidário em áudio obtido pelo jornal Folha de S.Paulo.

Flávio Bolsonaro não comentou o assunto, enquanto Karina confirmou que a reunião realmente ocorreu.

Marcus Holanda se reuniu com a irmã do desembargador Diaulas Costa Ribeiro, a advogada Raquel Costa Ribeiro, que é filiada ao PL de Jair Bolsonaro, para negociar o voto no processo.

Marcus Holanda e sua ex-esposa, Liliane Dantas, foram recebidos por Raquel Ribeiro em sua casa. Liliane indicou advogados que poderiam ajudar Marcus Holanda, como Cristiane Damasceno.

Cristiane Damasceno assumiu o processo oito dias antes do julgamento no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF)

Depois do julgamento, Marcus e Liliane se separaram. A ex-esposa do dirigente partidário denuncia que a reunião com Raquel Ribeiro garantiu que o processo caminhasse de maneira favorável a seu grupo.

Segundo Liliane, a irmã do desembargador “garantiu ter condições de assegurar não só um resultado favorável no julgamento dos processos referentes à disputa pela direção nacional do PROS, bem como o imediato cumprimento da decisão a fim de colocá-lo na presidência nacional”.

Para que isso acontecesse, “a irmã do desembargador (…) solicitou o pagamento de R$ 5 milhões” e que os advogados envolvidos no processo fossem trocados por uma “da absoluta confiança dela, posto que ela não poderia em hipótese alguma aparecer nos autos”.

Entre os dias 18 e 19 de dezembro, Marcus Holanda enviou uma mensagem para Liliane pedindo para ela verificar “se terá ajuda familiar ou não” no processo.

Em janeiro, em outra mensagem, Holanda pede para que a irmã do desembargador seja contatada sobre o andamento da contratação da advogada que ela iria indicar, para que ele pudesse dispensar a outra equipe.

No dia 9 de fevereiro, Diaulas Ribeiro votou no sentido de destituir o grupo que comandava o PROS e favorecer Marcus Holanda, anulando as decisões de primeira instância.