Temos que unir do lado daqui para enfrentar essa ofensiva, disse Flávio Dino

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), falou ao jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL, nesta segunda-feira (30) a respeito do cenário político nacional resultante das eleições municipais deste ano e o que se desenha para 2022.

“Se olharmos nacionalmente, não há dúvida de que a direita venceu a esquerda. Quando matizamos isso e olhamos as nuances que há no interior de cada campo político, vamos encontrar que o bolsonarismo, a antipolítica, umas coisas até caricatas, anedóticas, que prevaleceram em 2018 já não tiveram muito espaço em 2020. Esta face da direita brasileira, a face mais selvagem, bruta, violenta e até anedótica saiu derrotada. Como Bolsonaro é expressão disso, não há dúvida de que ele saiu derrotado”.

Flávio Dino complementou ainda dizendo que “é importante lembrar que ele (Bolsonaro) ainda está no governo e depende muito da sua condução, sobretudo da política econômica. (…) O governo é muito ruim e vai piorar, é um governo desacertado, desorganizado, desorientado, não existe gestão em nenhuma área, muito menos na econômica e por isso imagino que a força de atração do Bolsonaro é declinante. Ou seja, 2020, a meu ver, parte de um processo de decadência que irá até 2022″.

Aliança progressista

O governador destacou também a importância de uma frente ampla progressista para fazer frente à direita em 2022.  “Miro o tempo inteiro na chamada frente ampla progressista. Para disputarmos o primeiro turno, não correr o risco de ficar fora do segundo. Esse é o ponto: para limpar a mesa de mitificações, de que agora, A, B ou C vai sozinha redimir a esquerda. Esse é um erro gravíssimo, que pode conduzir a um desastre em 2022. Qual seria o desastre? Ficarmos fora do segundo turno”.

Na avaliação de Flávio Dino, “é preciso analisar que tivemos alguns êxitos, não é terra arrasada. Mas continuamos numa ofensiva da direita. A direita foi amplamente vencedora na eleição municipal. Temos que unir do lado daqui para enfrentar essa ofensiva”, disse.

Questionado sobre vídeo em que aparece apoiando Guilherme Boulos (PSol) para a prefeitura de São Paulo, ao lado de Lula, Ciro Gomes e Marina Silva e se a peça seria como um embrião de uma frente progressista anti-bolsonaro, Flávio diz ter visto um “sinal de esperança” e que espera que “possamos manter esse ambiente minimamente de diálogo entre essas forças. Agora, significou uma vitória dessa visão da união? Ainda não. Eu diria que é um passo, uma pequena luz na escuridão de um túnel em que o Brasil está metido dessa ampla hegemonia da direita, que se retroalimenta. Temos uma tendência de oligarquização do sistema político em torno dos partidos da direita tradicional”.

Porto Alegre

Ao analisar a não eleição de Manuela d’Ávila em Porto Alegre no âmbito da união da direita contra a esquerda, o governador apontou: “A Manuela fez um trabalho notável. É uma das pessoas mais agredidas da política nacional, alvo de agressões desde o primeiro turno e conseguiu transpor preconceitos, violências de vários tipos. Contudo, se verificou exatamente isso no segundo turno: clivagem direita/esquerda. A direita toda se agregou contra a esquerda e venceu”.

Ao mesmo tempo, Flávio Dino destacou o desempenho positivo da candidatura comunista: “A Manuela fez 46% dos votos, uma votação extraordinária, uma das melhores da esquerda recente no Rio Grande do Sul, mas foi insuficiente. Por isso, acho que, para além de ilusões no nosso campo político, a gente tem que ver isso: a direita, quando chega numa disputa conosco, ela se une mais. Então, temos que nos unir mais do lado daqui, principalmente considerando esse retrospecto de dificuldades que temos tido desde 2016”.

Por Priscila Lobregatte

Com portal UOL

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