Vivemos um momento em que se acumulam, como que em camadas, vários problemas. É uma esquina histórica que exige muito discernimento quanto aos caminhos a trilhar. Destaco a percepção de três dimensões que nos exigem urgente atenção.

Por Flávio Dino*

Em primeira dimensão, temos as circunstâncias atinentes à luta pela vida dos brasileiros. Por mais óbvias que pareçam, a crise sanitária que enfrentamos e a necessidade de envidar esforços a favor da vida humana são assuntos que precisam ser sublinhados, porque há uma espécie de naturalização exercida todos os dias por alguns irresponsáveis. De palavras como “gripezinha” até reações de desprezo ante milhares de vidas perdidas, são comportamentos que tentam reduzir a relevância do incontestável problema. E lembro que teremos um convívio prolongado com esse terrível tipo de coronavírus.

Em segundo lugar, realço a dimensão política, que precisa encarregar-se da proteção à democracia e à liberdade. Todos nós precisamos estar alertas, pois os temas institucionais não interessam apenas aos políticos, mas sim a toda sociedade. Sem liberdades não há respeito e ampliação de direitos.

Por último, elenco a dimensão econômica e social. A pandemia do coronavírus chegou ao Brasil em um momento de recessão e agora estamos no limiar de uma depressão econômica, em que começamos a identificar os sinais terríveis que isto representa ao povo brasileiro: desemprego, PIB com provável queda de 8%, desorganização das cadeias de oferta e demanda, política de crédito que não chega efetivamente às milhares de micro e pequenas empresas que realmente precisam. Um cenário de caos generalizado, diante do qual o governo parece desejar insistir no mito da “austeridade expansionista”.

O caminho que defendo é de um tripé baseado no conceito de desenvolvimento, com benefícios coletivos: 1) incentivo a obras públicas; 2) políticas sociais efetivas; e 3) concessão de crédito rápido e barato. São tarefas emergenciais, que devem ser financiadas com a expansão da base monetária via aquisição de títulos do Tesouro pelo Banco Central, até alterando o artigo 164 da Constituição Federal, se necessário fosse.

Precisamos agir rápido, enquanto há tempo. O presidente da República está preso a agendas pessoais e de graves confusões familiares, o que é profundamente lamentável. Lutemos todos para mudar essa situação e colocar o Brasil no rumo certo.

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